INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2023 comemorou 46 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

UM LARGO VÍTIMA DE DEMASIADAS ALTERAÇÕES... e já algumas perdas

Os bracarenses que acompanharam as mudanças na cidade ao longo das últimas décadas sabem que Braga tem perdido muito do seu Património - destruiu-se o interior de casas com caixas de escada de desenho ímpar, tetos com estuques, paredes com pinturas, pavimentos com desenhos complexos, ... 
A recente intervenção no Largo da Senhora-a-Branca, no âmbito do Projecto "A Regenerar Braga", "sem qualquer debate ou apresentação prévia do projeto de intervenção"implicou a retirada e poda drástica de laranjeiras da zona onde iniciaram as obras (junto à fachada do Palacete Matos Graça*), sendo colocadas na parte ainda não intervencionada. Há quem duvide se as laranjeiras caracterizam ou não alguns largos da cidade. Outros dizem que são já ex-libris desses largos.
A notícia publicada pelo Diário do Minho, em 8 de Março de 1950, vem comprovar aquilo que muitos bracarenses sabem... que as laranjeiras são um marco já antigo no Largo da Senhora-a- Branca.


(Para ler o texto abrir hiperligação em novo separador)
Também o subsolo é valioso. No Largo há uma necrópole com pelo menos três sepulturas da Antiguidade Tardia, descobertas e pouco depois soterradas. Este método é mais um aspecto insólito das intervenções no âmbito do projecto de Regeneração Urbana de Braga! O achado justificava estudos mais amplos, tanto mais que as sepulturas ficam adjacentes ao traçado da Via romana que ligava Bracara Augusta e  Asturica Augusta (em Castilla-Léon), passando por Aquae Flaviae (Chaves). Aliás o perfil cronológico da necrópole (terá origem no Alto Império no séc. I antes de Cristo?) deveria ter sido bem esclarecido.
O Palacete Matos Graça é mais um caso incompreensível de património para sempre perdido, pois uma casa não é apenas uma "casca". É também o "miolo", o seu interior, que nos permite compreender as vivências e as famílias que por ela passaram.
Transformar um edifício antigo em meia dúzia de apartamentos não representa só matar essas vivências, mas também todos os momentos artísticos que havia no seu interior. E neste eram muitos!
Foi destruído em 2000, ficando só a "casca", apesar do movimento promovido pelo ProjectoBragaTempo e da acção da ASPA!

* Do lado direito... a fachada lateral do Palacete Matos Graça.
No interior da "casca"... os apartamentos.
Ao fundo... o condomínio Casas de Guadalupe.

Um comentário:

  1. Tudo são "PODAS" lentas que nos vão retirando a identidade Bracarense.Uns dizem: "são de gesso".Outros dizem: "são cacos".Outros dizem: "as árvores na cidade não são necessárias".Daí as "PODAS"!
    Mas entre os dias 23/27 de Maio estarão todos a comemorar Braga Romana !

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