O PASSADO PERMITE PERCEBER O PRESENTE. É NECESSÁRIO PARA PREPARAR O FUTURO!
A ASPA (Associação para a Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural) foi fundada em 1977, em Braga, tendo como área prioritária de intervenção o distrito de Braga e Viana do Castelo. Resultou da CODEP, criada em 1976 para defesa dos vestígios de Bracara Augusta. Como principais acções destaca-se a defesa da cidade romana de Bracara Augusta, a luta pela reintegração do Mosteiro de Tibães no património nacional e pela classificação e salvaguarda do Complexo das Sete Fontes.
INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022
TERTÚLIA: 45 ANOS ASPA
O PASSADO PERMITE PERCEBER O PRESENTE. É NECESSÁRIO PARA PREPARAR O FUTURO!
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
ENTRE ASPAS "DEFESA DO PATRIMÓNIO: do individual ao coletivo"
Descubra a mensagem através do acrónimo.
Clarabóias: estruturas em madeira e vidro
colorido, que permitem iluminar, de forma natural, o vão de escadas em volta do
qual as casas do séc. XIX se organizavam. Património arquitectónico a conservar
e valorizar. Descubra o que resta na cidade.
Identificação: o cadastro de edifícios
com valor patrimonial é indispensável à tomada de decisão do Gabinete do Centro
Histórico.
Decisão: opção que deve considerar a defesa do bem comum e o
interesse público e que implica os Poderes - central e municipal - a uma
intervenção reguladora e decisiva, no sentido de que os interesses particulares
e económicos desenfreados não colocam em risco o que é herança de todos.
Ação: fundamentada, assertiva e persistente,
baseada em critérios técnicos e científicos fundamentados. Sempre!
Direito e dever de atuar: compete a todos
nós!
Atenção: observe, identifique boas e más
práticas, participe na defesa do bem comum, individualmente ou através de uma
associação. Estar atento,
individual e coletivamente, ao que se passa na polis, é uma exigência
cidadã.
Não vergar aos interesses de promotores
imobiliários e de interesses económicos para além da ética.
Investimento: a conservação e o restauro
valoriza o edifício e o espaço
público e é uma aposta rentável, ainda que o lucro fácil, imediato e
desmesurado tenha de ser rejeitado e substituído por uma lógica de
rentabilidade sustentável e valorizadora do legado histórico que se deve manter
válido e funcional no futuro. Há boas práticas como exemplo.
Arte: o
património construído e imaterial não se esgota no adjetivo artístico, mas sem
dúvida que esta dimensão ocupa um grande relevo quando se discute e promove a
problemática patrimonial, porque é indiscutível que o legado artístico é intemporal
e é um bem incontornável da mais profunda identidade cultural dos povos.
Educação: aprender, para reconhecer
valor, proteger e conservar.
Monumentos: quando são bem preservados
valorizam o espaço público e contribuem para a divulgação da cidade, constituindo uma visível marca
identitária
Denunciar más práticas: sempre que
necessário, para alertar decisores e munícipes.
Estórias: o património oral, transmitido
de geração em geração, é uma vertente importante da cultura de um povo.
Registe-o!
Floresta: não esquecer o potencial da
área verde em redor de Braga, na adaptação às alterações climáticas, pois
justifica um projeto comum que envolva proprietários florestais e município.
Empreendedorismo:
está na moda, mas não
pode restringir-se ao sector industrial, pois a cultura e o património
concentram potencialidades de inovação e de valor acrescentado que são hoje por
demais conhecidas. É preciso promover junto dos jovens e da população ativa, através
de estímulos efetivos e simplificados do ponto de vista burocrático, a
motivação para empreender na área cultural e patrimonial
Sinalética: um recurso indispensável numa
cidade histórica que é visitada.
Antigo: o maior equívoco que se enraizou na
mente das pessoas é associar antiguidade a inutilidade e a superação deste erro
tão forte e , ao mesmo tempo, tão crasso, impõe-se como tarefa urgente e contínua
a educadores e activistas culturais, por forma a tornar evidente que o antigo
só está inutilizado se nós não o soubermos olhar em todas as suas facetas e
soubermos confiar que nos pode surpreender ganhando novas utilidades.
Dona Chica: um Palácio do séc. XIX que
tarda a ser conservado e valorizado.
Ofícios tradicionais: a conservação e
restauro de edificado com valor patrimonial exige profissionais com formação em
talha, ferragens, madeira, vidro, etc.
São uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável da cidade.
Património cultural: a biografia de um povo.
Animação: função criada para dar vida, no âmbito da cultura e
outros setores, ao que parece inerte e sem uso. Aproximar o património da vida
das pessoas no seu quotidiano é animar, dar alma sempre nova ao que vem das
nossas raízes
Tibães: um Mosteiro que foi salvo, na
década de 80 do século passado, pela ação persistente da ASPA.
Registo fotográfico e técnico: sempre que
dá entrada um pedido de obra em edifício de épocas passadas.
Impossível: decidir sem dispor de
informação sobre o interior do imóvel.
Música: inserida pela UNESCO no conceito de património imaterial da Humanidade,
em todos os seus géneros e proveniências geográficas e culturais. É intemporal.
Óbvio: o que é esperado, mas nem sempre se verifica, ou seja,
espera-se que todos os cidadãos de uma comunidade sintam a cultura e o
património como bem de todos e para todos mas, infelizmente, esta perceção
encontra resistência em muita gente, o que constitui uma perplexidade e um
enigma
Negligência: não actuar quando está em
risco o interesse público.
Invasoras: animais e plantas trazidos de
outros continentes que se adaptaram demasiadamente bem ao solo e clima de
Portugal, ocupando o lugar de espécies nativas e colocando em risco a sua
sobrevivência.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2022
ENTRE ASPAS: "ASPA: 45 anos em defesa do Património"
A ASPA (Associação para Defesa, Estudo e Divulgação do Património Cultural e Natural) foi fundada a 29 de janeiro de 1977, em Braga. Teve origem na CODEP (Comissão de Defesa e Estudo do Património), criada a 3 de Fevereiro de 1976 com intuito de salvar as ruínas romanas de Bracara Augusta e “alertar, quem de direito, sobre os contínuos atentados ao que o passado legou a Braga”.
Hoje, 45 anos depois, cumpre-nos relembrar episódios da história recente de Braga, durante as últimas décadas, nos quais a ASPA teve um papel decisivo. Algumas vitórias e bastantes perdas conduziram à cidade que hoje conhecemos.
Braga terá evidencias claras, visíveis a todos, dos seus 2000 anos de história?
Braga possui vestígios desse passado longínquo a que, infelizmente, não foi
dada a devida importância por quem exercia o poder autárquico, uma vez que
foram ignorando bens culturais na fase de grande expansão da cidade e em outras
que se seguiram, e mesmo na atualidade.
Fazemos uma síntese da ação da ASPA, tanto na vertente da defesa como do estudo, da divulgação e da valorização do património:
- Salvamento de Bracara Augusta e “Combates” pelo Mosteiro de Tibães.
- Salvaguarda de arquivos fotográficos do séc. XIX e XX.
- Exposições: Braga Antiga (Fotos), o Bilhete Postal Ilustrado, Indústria do Damasco, Interiores Civis Pintados, O Elevador do Bom Jesus, ASPA 40 Anos de Luta(s), etc., com edição de catálogos e Folhas de Sala.
- Edição de livros: “S. Frutuoso de Montélios”, por J. Moura Coutinho, “Dispersos” de Manuel Monteiro, “Actas do 2º Encontro das ADP´s”, “As Alterações Toponímicas”, por E. P. Oliveira, “Cávado Alguns Olhares”, “Entre Aspas: 1984-1981”, etc.
- Publicação da revista “Mínia”, 1978 a 2019, 23 números.
- Publicação do “Entre Aspas” desde 1984 (coluna quinzenal no Diário do Minho).
- Visitas guiadas a Braga e outros locais do país.
- Ações de sensibilização junto da comunidade e das escolas.
- Organização, em Braga, do 2º Encontro Associações de Defesa do Património (1981).
- Comunicados à imprensa, como alerta público: Bracara Augusta, edifício dos Granginhos, Fonte do Ídolo, Sete Fontes, Mosteiro de Tibães, PDM 2001, obras no Bom Jesus (...), Regeneração Urbana de Braga (2012), demolições e alterações urbanas, etc.
- “Maravilhas e pesadelos de Braga” (2007).
- Tertúlias e Debates. Conversas sobre imagens de Braga. Sessões “No Meu Tempo…”.
- Reuniões com partidos políticos em períodos eleitorais; entrega de lista de prioridades em matéria de património.
- Pedidos de intervenção da DRCN/DGPC e/ou Assembleia da República, relativamente a diversas opções lesivas do património bracarense.
- Participação em processos de Consulta Pública: PDM, Sete Fontes, etc.
- Separata “Cultura”, do Diário do Minho, sobre Património Classificado em Braga (2018).
- Intervenção junto do presidente da CMB sobre: demolições de edificado com valor arquitetónico ou histórico, abate de árvores em espaço público, Recolhimento das Convertidas, S. Geraldo e Confiança, etc.
- Participação em órgãos municipais: Conselho Cultural do Município de Braga e Conselho Estratégico para a Regeneração Urbana de Braga (CERPUB). Desde 2013 (enquanto existiu).
- Participação no Conselho Consultivo Local da iniciativa Braga 27.
Perante o risco de perda de património, a ASPA organizou pedidos de classificação de bens culturais, acompanhados de elementos descritivos e imagens, que apresentou ao IPPAR e/ou Direção Geral do Património Cultural: Complexo das Sete Fontes (1995), Recolhimento das Convertidas (1998), Estádio 1º de Maio (1999), Capela de Guadalupe (1999), Elevador do Bom Jesus (2000), Edifício da Câmara Municipal de Braga (2002), Palacete Júlio de Lima, Jardins e espaço envolvente (2015), Casa do Avelar e Jardins (2017), etc. Hoje, o Complexo das Sete Fontes é Monumento Nacional, os restantes bens culturais, ou são Imóveis de Interesse Público ou encontram-se em vias de classificação, com distinção de âmbito nacional, estando protegidos pela Lei do Património. A ZEP é o garante da proteção da respetiva envolvente.
Outros pedidos de classificação não
foram aceites pela DGPC, que aconselhou o município a uma classificação de
âmbito concelhio.
Recentemente, apresentámos pedido de abertura do procedimento de classificação, como imóvel de interesse concelhio, para o nº 87 da rua de S. Victor, um edifício romântico dos primórdios do séc. XX, com fachada azulejar e painéis interiores de azulejo, uma vez que mantém os elementos da arquitetura original em excelente estado de conservação (2021).
Para evitar mais perda de património temos insistido, junto
do presidente da CMB, que:
- o Gabinete do Centro Histórico organize um Inventário Histórico e Arquitetónico do edificado urbano e do património rural significativo, tendo em vista a organização do cadastro do património construído, integrando o registo dos elementos estruturantes e inovadores à época.
- seja criado um Repositório de Materiais de Construção, para recolha de peças provenientes de obras de demolição (azulejos, cantarias, janelas, portas e portadas, clarabóias, estuques, gradeamentos, estruturas de ferro, etc.), tendo em vista a sua reutilização, envolvendo nesta missão os técnicos do município, as empresas que intervêm no edificado e os proprietários desses edifícios.
A experiência adquirida no âmbito dos diferentes processos,
em que diferentes gerações de associados estiveram envolvidas, permite-nos
afirmar que a defesa e salvaguarda de bens comuns herdados do passado –
património, ambiente, paisagem - não depende, em exclusivo, da equipa que detém
o poder autárquico. Depende, também, da atuação isenta de outros agentes:
responsáveis e técnicos do município; deputados que integram a Assembleia
Municipal, e de quem se espera uma fiscalização atenta; entidades do Ministério
da Cultura, a quem compete dar parecer sempre que uma intervenção urbanística
tem como alvo área condicionada por património com distinção de âmbito
nacional; deputados que representam o Distrito na Assembleia da República, esperando-se
que defendam o interesse público.
A ASPA teve uma intervenção decisiva em três dossiers
maiores do Património bracarense e nacional: o Salvamento de Bracara
Augusta, a compra pelo Estado e recuperação do Mosteiro de Tibães, a
defesa e salvaguarda do Complexo das Sete Fontes.
Outros dossiers, infelizmente pendentes em 2022, têm
exigido uma atuação da ASPA junto de quem exerce o poder autárquico, das
entidades a quem compete a defesa do património e, sempre que necessário, junto
dos deputados que os munícipes elegeram para a Assembleia Municipal e para a
Assembleia da República. Destacamos o Recolhimento das Convertidas e o Estádio
1º de Maio.
Temos sempre presente que o Património, Ambiente e Paisagem são bens de interesse público e, como tal, devem ser bem geridos.