INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2023 comemorou 46 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

ENTRE ASPAS: "Pelo património desportivo de Braga: as origens do foot-ball e do Sporting Clube de Braga"


Neste texto, João Lopes partilha informação que recolheu em arquivos e Bibliotecas Públicas, no âmbito da investigação que realizou para descobrir as origens do foot-ball em Braga. Dessa pesquisa resultou o livro "Pelo foot-ball Braguês - a história escondida do SC Braga" (2022).

"O verde-e-branco Foot-Ball Clube de Braga, a primeira potência futebolística local, teve como ponto alto, em 1914, a vitória num torneio disputado alto com equipas portuenses. Nesse preciso ano foi fundado o SC Braga, o mesmo que, tendo sido reabilitado nos anos 20 do século passado, instituiu um troféu dedicado ao seu Presidente da Assembleia Geral, João Lopes d`Azevedo Júnior, que fora Capitão-Geral do SC Braga de 1914"

 A ASPA convida e desafia todos os seus leitores a prosseguirem as investigações sobre a História de Braga, a procurarem nos seus arquivos pessoais e de família, no sentido de podermos descobrir mais informação documental sobre as origens do desporto e do SC Braga.

PARTICIPEMOS NA RECOLHA DA NOSSA HISTÓRIA COLETIVA!

domingo, 20 de novembro de 2022

PATRIMÓNIO DE MOURA COUTINHO SOB AMEAÇA?!

Como é possível que uma casa que integra um edificado duplamente protegido - classificado como património de interesse municipal e abrangido por uma zona especial de proteção - seja alvo de RECONSTRUÇÃO,  ALTERAÇÃO E AMPLIAÇÃO?
Estranhamos o Aviso que anuncia o Alvará de licenciamento de obra nº 196/2022, colocado na casa nº 18 da Rua Júlio de Lima,  pois tem em vista a "Reconstrução, Alteração e Ampliação" de uma das casas do conjunto edificado  "Moura Coutinho", classificado como património de interesse municipal, pelo Município de Braga, e incluído na zona especial de proteção provisória do Palacete Júlio de Lima, jardim e espaço envolvente.  Tudo indica que, para além da multiplicação de fogos, associada à "reconstrução e alteração" de património arquitetónico de Moura Coutinho e à "ampliação" desta casa, a obra poderá não prever a proteção da frente de rua, uma vez que é indicada a construção de quatro pisos. 
Foto de 2015
Também estranhamos que, em agosto de 2021, a CMB tenha atribuído interesse municipal ao conjunto edificado Moura Coutinho e, em outubro, imediatamente após  as eleições autárquicas, tenha autorizado uma obra que poderá atentar contra o valor histórico desse património arquitetónico e cultural, abrindo um precedente que pode colocar em risco todo esse conjunto edificado. 
Se o valor patrimonial atribuído pela Câmara (em Diário da República) e pela DRCN (no âmbito da ZEPP),  não for suporte para a decisão face aos  interesses de promotores imobiliários, então para que serve a classificação de âmbito concelhio  e a ZEPP?

Como agravante importa acrescentar que a multiplicação de alojamentos, em cada edifício reconstruído, vem agravar a produção de resíduos, as situações de congestionamento de vida na cidade,  com mais automóveis a circular e menos estacionamento disponível, mais emissão de gases poluentes, maior conflito entre moradores e usos comerciais... 
Alguém tem dúvida que, na cidade antiga, não é possível "meter" a cidade moderna?



Contactámos a DRCN, que nos informou ter dado um parecer favorável condicionado à realização de escavação arqueológica. 
Terá sido autorizada nova construção no logradouro e demolição do interior desta obra de Moura Coutinho, com perda da arquitetura original? 
Também estranhamos este parecer, pois a DRCN incluiu o edificado Moura Coutinho na zona especial de proteção provisória do Palacete Júlio de Lima, jardim e espaço envolvente, com o objetivo de o proteger e garantir o enquadramento do Palacete Júlio de Lima.
Assim, em face do patente risco de perda de património arquitetónico da cidade de Braga e da violação da proteção que lhe está legalmente conferida, solicitámos  esclarecimentos ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Braga, que aguardamos.
Concluindo:
  • Em agosto de 2021, a CMB reconheceu como imóvel de interesse municipal o Conjunto Edificado composto pelo Palacete Júlio de Lima, jardins e espaço envolvente e pelo Conjunto Arquitetónico urbano atribuído ao Arquiteto Moura Coutinho.
  • Em outubro de 2021, o vereador eleito nas autárquicas realizadas a 26 de setembro aprovou a obra de "Reconstrução, Alteração e Ampliação" da casa nº18, que integra o edificado da autoria de Moura Coutinho. Com 4 pisos; no Aviso não é possível concluir quantos T3 foram autorizados.
  • Em abril de 2022 foi emitido o alvará.
  • A obra está em curso.
Não se compreende por que razão a CMB classificou este bem cultural como de interesse municipal se, no mesmo ano, aprovou uma obra que o poderá descaracterizar e, além do mais, não cumpre um dos objetivos da ZEPP definida pela DRCN: proteger o edificado Moura Coutinho e garantir o enquadramento do Palacete.
Permitiu quatro pisos, multiplicação de fogos e, quem sabe, outras opções que não respeitam a autenticidade do património arquitetónico.

Antes, a CMB aprovou a demolição do lado nascente do edificado Moura Coutinho, para permitir a construção, nesse quarteirão, de obra de elevada volumetria e impacto urbanístico. À época tudo indicava que a CMB valorizava o lado poente do edificado Moura Coutinho da Rua Júlio de Lima. Neste momento, apesar da classificação desse edificado como imóvel de interesse municipal, que garantias nos dá a câmara para evitar a descaracterização desse conjunto?

Qual a estratégia do executivo municipal em relação ao património edificado com valor arquitetónico e histórico? 
Importa ter presente que o património arquitetónico (interior e exterior/frente de rua) é uma evidencia forte da autenticidade histórica e cultural da cidade e, como tal, de grande importância em termos culturais (CEC 27) e turísticos. 
Informação suplementar:
  • Em 2015, a ASPA apresentou à DRCN um pedido de classificação  para o Palacete Júlio de Lima, jardim e espaço envolvente e, também, para o edificado Moura Coutinho nas Ruas Gabriel Pereira de Castro, Júlio de Lima e S. Vicente. Tínhamos em vista a salvaguarda destes bens culturais face ao risco a que podiam ser sujeitos.
  • A DRCN aprovou a classificação de âmbito nacional para o Palacete Júlio de Lima, mas considerou que o edificado Moura Coutinho não reunia condições para uma distinção de âmbito nacional. Sugeriu, à CMB, a classificação de âmbito municipal.
  • A ASPA insistiu junto da CMB para que classificasse o Edificado Moura Coutinho como património de interesse municipal.
  • Em 2021, através do Edital 925, publicado no Diário da República, 2ª série, de 16 de agosto de 2021, a CMB classificou este conjunto edificado e outros bens culturais como património de interesse municipal.


A DRCN incluiu o edificado Moura Coutinho na zona especial de proteção do Palacete Júlio de Lima, jardim e  espaço envolvente, por considerar que "... o edificado Moura Coutinho tem uma relação direta com o Palacete e o seu proprietário e, considerando a importância que estes edifícios têm para o enquadramento do imóvel,  propomos que os mesmos fiquem abrangidos pelo limite de uma zona especial de proteção provisória definida para o Palacete Júlio de Lima, jardins e envolvente, permitindo a sua proteção".





segunda-feira, 7 de novembro de 2022

ENTRE ASPAS "As ruas do nosso desassossego"

Braga e os seus habitantes mereciam ter acesso aos projetos que alteram significativamente a imagem urbana. Mais: é consabido que dificilmente existem soluções satisfatórias que não nasçam da discussão alargada. Além disso, a participação dos cidadãos coresponsabiliza-os. 

Em 2012, tivemos o projeto “A Regenerar Braga”, uma série de operações que resultou num sortido de formas de tratar o espaço público, umas melhores do que outras, mais ou menos bem aplicadas, mas destituídas de vocação para a unidade e coerência do corpo da cidade.

Em 2022, surge um projeto moderno – “Eu Já Passo aqui” –, mas que mantém práticas do passado: substitui o antigo, mas sem promover uma melhoria, sem acrescentar valor estético e dignidade. Enquanto Braga dorme, embalada por uma hipotética resposta às exigências de uma nova mobilidade (segundo um projeto absolutamente desconhecido e que nem existirá), gasta-se muito dinheiro, perde-se tempo e desperdiçam-se oportunidades que não voltam.

Ao fim de décadas de poder local, Braga continua a deambular, sem rumo e sem apontar a um futuro compatível com uma cidade europeia.