Na manhã de Domingo (22 de Abril) um grupo com cerca de 100 pessoas caminhou desde a Fonte do Ídolo até ao
Complexo das Sete Fontes fazendo um percurso urbano que até à Rua de S. Victor coincide com a Via XVII: Santuário da Fonte do Ídolo – Senhora a Branca – São Vítor. Percorreu um possível eixo secundário romano (a Rua de S.
Domingos) e no Monte dos Arcos seguiu pelo traçado da VIA NOVA (XVIII) desde o Areal até às Sete Fontes.
Ainda no Santuário
da Fonte do Ídolo a ASPA alertou os participantes para a importância da cidade
de Braga no Noroeste Peninsular e pela forma marcante como contribuiu para o desenvolvimento de outras cidades, de que resultou um património diversificado
e valioso que ainda hoje a caracteriza, sobretudo, no que toca ao seu desenvolvimento. Chamou ainda a atenção para os achados arqueológicos encontrados
fora de muralha (romana), aquando da abertura do túnel da Avenida da Liberdade, na Cangosta da Palha, na Avenida Central e
mais recentemente no Largo da Senhora-a-Branca, nomeadamente necrópoles e conjuntos de sepulturas.
Já no Complexo das
Sete Fontes reforçou os três valores fundamentais do Monumento Nacional:
- a ÁGUA;
- a área de Parque: BIODIVERSIDADE e PAISAGEM;
- o património BARROCO e ROMANO.
As escavações arqueológicas observadas intrigaram os participantes e de facto o Complexo das Sete Fontes remonta a épocas mais antigas.
A este propósito
não podemos deixar de referir que tudo indica que a área do Monumento Nacional terá
sido já a principal fonte de abastecimento de água à cidade de Bracara Augusta, através de um aqueduto
alterado em épocas posteriores. Seria também uma zona artesanal de grande importância uma vez que aí havia água em abundância à disposição das oficinas produtivas.
As estruturas
arqueológicas encontradas no decorrer das obras do Hospital e em recentes
escavações realizadas no vale, bem como outros dados, testemunham isso mesmo, comprovando-se que aí
havia produção de cerâmica construtiva, de tecidos cardados e talvez moagem,
actividades para cuja laboração eram essenciais grandes quantidades de água.
A zona
artesanal das Sete Fontes ficava pois estrategicamente localizada junto a uma
via de grande circulação (a VIA NOVA)
e com fácil acesso a outra, a Via XVII, podendo deste modo abastecer não só a
urbe bracarense com a fonte da vida, a água, mas também com produtos
indispensáveis à construção civil e a outras necessidades da vida quotidiana.
O
interesse histórico e arqueológico do Vale das Setes Fontes é portanto múltiplo e não tem preço,
devendo ser defendida a sua integridade para que a História de Braga possa ser
contada às gerações actuais e futuras e estas possam usufruir de padrões de qualidade de vida urbana decentes.
Contudo o estado
de abandono e degradação do Monumento é tal que só uma acção firme e sem hipocrisia por parte da tutela,
assumida na forma de obras de recuperação e de prevenção de danos, poderá
garantir a salvaguarda deste património valioso.
Os crimes contra o património de um povo jamais prescrevem.
Os crimes contra o património de um povo jamais prescrevem.
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