INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2024 comemorou 47 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

ENTRE ASPAS "PROJETO ESCOLA PATRIMÓNIO: Vivências que proporcionam descobertas, conduzem a aprendizagens e criam memórias agradáveis"

Agradecemos a colaboração das professoras envolvidas nesta fase do projeto, tanto da parte do Colégio D. Pedro V como da parte das escolas públicas. No que diz respeito ao Colégio D. Pedro V, as iniciativas foram realizadas de acordo com a planificação do colégio. No que diz respeito às escolas públicas, implicou auscultação das professoras de cada ano de escolaridade, face às propostas apresentadas, no sentido de adequar as planificações, guiões, fichas e materiais, em função do currículo. 

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A presença de crianças com colete amarelo, no Santuário do Bom Jesus do Monte, é uma evidência do potencial educativo deste espaço classificado pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade. 

O projeto ESCOLA PATRIMÓNIO - promovido pela Fundação Bracara Augusta e tendo como parceiros a ASPA, a Confraria do Bom Jesus e o Colégio D. Pedro V, e que conta com o apoio da AOF e da Câmara Municipal de Braga - assume o potencial do território, na vertente cultural e ambiental, que constitui o ponto de partida para a realização de atividades de educação patrimonial e ambiental, com vista à formação cidadã nestas duas áreas e em contexto local.

O projeto iniciou com alunos do Colégio D. Pedro V e, pouco tempo depois, foi ampliado a escolas públicas, de 1º e 2º ciclo, desde que a Câmara Municipal de Braga reconheceu o seu potencial educativo. 

Estas crianças realizaram tarefas variadas, trabalhadas numa perspetiva interdisciplinar, tendo em vista a promoção de aprendizagens (conhecimentos, capacidades e atitudes) previstas no currículo de cada ano de escolaridade, de acordo com a planificação, guiões e fichas produzidos pela ASPA.

 

Os instrumentos de observação entusiasmaram a maior parte das crianças, em especial os binóculos, que permitiram identificar formas de relevo e ameaças à paisagem, bem como a lupa binocular, que permitiu a descoberta de peças florais e de soros no feto, de partes do corpo de insetos, de raízes, folhas e cascas de árvores. Por vezes a surpresa era acompanhada por gritos, e expressões que revelavam espanto (UI!!! AI!!! UAU!!!!), como por exemplo quando a lupa desvendou os olhos, patas e asas de uma aranha, grãos de pólen e soros de um feto. Também observaram areias, comparando com o granito que lhes deu origem e que os pedreiros tão bem souberam transformar no monumento que, aos poucos, estão a descobrir. Estes são materiais que as crianças já não dispensam, pois permite-lhes descobrir pormenores que, de outro modo, não tinham possibilidade de conhecer. Permitem observações científicas que facilitam a curiosidade em relação à natureza e estimulam o pensamento crítico e a criatividade.

A estátua de São Longuinhos motivou a descoberta desta lenda, associada às festas de S. João. O coreto foi espaço de aula de música e de matemática (cálculo de perímetro, polígonos e poliedros); os degraus do Escadório, o suporte para o cálculo de áreas; os lagos, espaço para descoberta do ciclo de vida de patos e rãs; o Escadório dos Cinco Sentidos uma oportunidade para a descoberta da arquitetura barroca mas, também da origem da água que circula no Bom Jesus e da rocha a partir da qual foi construído o Santuário. A presença de tantos turistas proporcionou momentos de entrevistas em inglês, realizadas com muito entusiasmo pelas crianças de 5º ano.

 

Esta etapa, de final da primavera, permitiu constatar diferenças em relação ao inverno, tanto ao nível da fauna como da flora. Diferenças nas árvores, agora todas com folhas de cores, formas e tamanho variado, e também ao nível da morfologia dos animais e respetivos ciclos de vida, o que facilitou a compreensão do conceito de diversidade aplicado à natureza (variedade e quantidade de organismos) e a importância do alimento e abrigo que encontram neste espaço.

O chilrear das aves que se escondem entre as folhas das árvores e arbustos, bem como o coaxar das rãs, ou o movimento dos peixes, dos patos e das tartarugas nos lagos são evidências da diversidade animal que tem habitat no Bom Jesus do Monte e que captaram a atenção destas crianças.

 

A Proteção da Vida Terrestre (fauna, flora nativa e seus habitats) e a Valorização do Território (Património, Ambiente e Paisagem), são vertentes fundamentais deste projeto. As rochas, o ar e o solo, a água, as rochas, a biodiversidade e o risco das espécies invasoras, o ruído, os elementos da paisagem, a música, as lendas e o monumento barroco, são temáticas alvo dos guiões de atividades que constituem o suporte para a educação-ação no Bom Jesus do Monte. Para além de André Soares (séc. XVIII) e Carlos Amarante (séc. XVIII/XIX), bem presentes no Bom Jesus, descobriram ainda dois outros arquitetos que deixaram obra no Santuário: Ernesto Korrodi (séc. XIX e XX) e Raul Lino (séc. XX). Ficou o desafio para a descoberta, na cidade, de edifícios desenhados por estes arquitetos.

 

Observar, medir, comparar, registar, desenhar, colaborar, debater, descrever, escrever, cantar, tocar, entrevistar... são vivências que entusiasmaram a generalidade destas crianças e surpreenderam turistas que se aperceberam que os meninos de coletes amarelos usavam espaços nada convencionais para pousar a lupa binocular e observar peças florais, soros de fetos ou grãos de areia.

 

Este é um projeto iniciado em setembro de 2023, no âmbito das Jornadas Europeias do Património, em que a Fundação Bracara Augusta mobilizou diversas parcerias para a criação de um projeto de educação ambiental e patrimonial que ainda se encontra na fase piloto.

 

A valorização e conservação da natureza e da biodiversidade, bem como a valorização do património construído e da paisagem, são os principais objetivos deste projeto, a que a ASPA se associou, que aposta no desenvolvimento pessoal e social das crianças

Desde longa data que a ASPA intervém no sentido da Valorização do Território, tanto no que diz respeito ao Património Cultural (dando especial atenção ao património construído) como ao Património Ambiental. Hoje, Portugal reconhece, como urgente, a alteração de comportamentos que assegurem progressos em vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e assumiu compromissos nesse sentido.

É pelas práticas que se contribui para a melhoria de comportamentos e opções. Neste caso, preparando crianças para que sejam mais exigentes no Futuro.

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