INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2025 comemorou 48 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

ENTRE ASPAS: Uma dúzia de desejos para 2026!


Todos nós no final de ano, como é habitual, formulamos “Desejos” para o futuro. O Património, o Ambiente e a Paisagem, são vertentes da governança municipal que exigem uma abordagem política prioritária e multidisciplinar, de modo a garantir a valorização, efetiva e duradoira, dos bens culturais e da respetiva envolvente paisagística. Isto é, a qualidade e modernidade do sítio onde vivemos.

Esperamos que, em 2026, sejam concretizados estes desejos que temos vindo a defender desde sempre como um bem de todos os bracarenses:

1. A criação do Parque Eco Monumental das Sete Fontes, há muito reivindicado pelos bracarenses e, desde 2013, prometido pela Coligação JpB. Aguarda-se a apresentação do Projeto Paisagístico que dará origem à criação do Parque e, também a divulgação, no terreno, da área já em posse do município, de modo a incentivar o usufruto público. Depois da Petição “Pela Salvaguarda das Sete Fontes”, que contou com forte adesão da população, o Parque Eco Monumental será, com certeza, lembrado como Vitória da Cidadania.

2. A salvaguarda do Recolhimento das Convertidas, no âmbito de uma conservação e restauro que respeite a autenticidade deste memorial do barroco conventual, de modo a permitir que o monumento de interesse público seja transformado num lugar de evocação da condição da mulher - Casa da Memória da Mulher – conforme proposta de um conjunto de associações, personalidades da área da cultura e património e elementos da comunidade académica. Falta ainda a conclusão do processo de permuta, já autorizado pelo Governo, de modo a que o Recolhimento passe a propriedade da CIM Cávado e, desde logo, seja garantido o isolamento das janelas abertas.

3. A divulgação do Regulamento de Salvaguarda do Centro Histórico que resultou da discussão pública promovida pela Câmara de Braga (AVISO nº AV/32109/2020), uma vez que este processo administrativo ficou por concluir(!) e é essencial à proteção do edificado com valor arquitetónico.

4. A apresentação pública dos projetos da CMB destinados a espaços museológicos do município, nomeadamente para a Fábrica Confiança, Casa dos Crivos, Museu da Imagem, antigo edifício da Escola Francisco Sanches e Ínsula das Carvalheiras. Para quando esses museus que, para já, só “existem” na imaginação de algumas pessoas?

5. A institucionalização do Parque Arqueológico de Braga. Quem visita as Termas Romanas observa um declive onde se esconde o Teatro Romano de Bracara Augusta, um recurso arqueológico de elevada importância. Depois da musealização da Ínsula das Carvalheiras, haverá esperança para o Teatro Romano, uma vez que se encontra em lista de espera há mais de 10 anos?

6. A classificação dos Troços da Muralha Medieval existentes no Centro Histórico de Braga, de modo a impedir que sejam desrespeitados ou colocados em risco.

7. A efetiva proteção de bens culturais classificados, o que pressupõe o impedimento efetivo, que cabe à câmara, de descaracterização desses bens ou de ampliação da capacidade construtiva na respetiva zona especial de proteção.

8. O respeito pela imagem urbana do Centro Histórico de Braga, impedindo a demolição de edifícios em ruas e praças históricas, representativos dos séculos passados, bem como a atribuição de capacidade construtiva nos respetivos quintais/logradouros e, ainda, a ampliação de cércea, com construção de novos pisos. A exigência de integração dos elementos artísticos e de artes decorativas interiores nos projetos de reabilitação. Bem como, ainda, impedindo o uso indevido do espaço público e descaracterização dos símbolos e das celebrações religiosas tradicionais.

9. A elaboração e divulgação de um Inventário Histórico e Arquitectónico do edificado urbano e do património rural significativo, com identificação, classificação e proteção dos conjuntos urbanos (edificado e espaço público) característicos das diferentes épocas da cidade e das freguesias rurais, o que pressupõe a organização do cadastro do património construído, a caracterização do grau de conservação dos testemunhos da arquitetura original, numa perspetiva multidisciplinar, etc.

10. A Criação de Repositório de Materiais de Construção, de modo a incentivar a recolha de elementos arquitetónicos – azulejos, batentes, gradeamentos de ferro, estuques, etc. -, tendo em vista a sua reutilização em obras de conservação e restauro, envolvendo nesta missão os técnicos, as empresas que intervêm no edificado e os proprietários de edifícios antigos.

11. A classificação de bens culturais relevantes, identificados no Inventário de Património que integra o PDM em revisão, de modo a garantir a sua proteção e valorização efetiva. Exº: Capela de São Lourenço da Ordem, Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, etc. 

12. A concretização do Projeto de recuperação e preservação dos SacroMontes, retomando a política comum de intervenção dos Municípios de Braga e Guimarães e, com ele, a promoção de uma política ambiental atenta à preservação do património arbóreo, à criação e ampliação de espaços verdes, à restrição da impermeabilização dos solos, à preservação das reservas aquíferas e dos cursos de água e à restrição das emissões de carbono, através de um incentivo a formas de mobilidade menos poluentes e, em geral, à criação de uma cultura promotora da sustentabilidade ambiental e de adaptação às alterações climáticas.    

   

Ficam aqui os nossos auspiciosos votos, para 2026. Deste modo, a ASPA deseja sinceramente que, daqui a 12 meses, possamos evoluir no sentido de passar a integrar as sociedades mais modernas e europeias em que a salvaguarda e o usufruto do Património são prioridade e ativos das políticas de desenvolvimento.

                                                                                              ASPA

 

Nota: agradecemos as imagens facultadas por cidadãos atentos ao Património. 

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