INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2023 comemorou 46 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

ENTRE ASPAS: "O Granito de Braga e Urbanismo"

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 "Francisco Sande Lemos alerta para uma série de evidências relativas ao material geológico encontrado em subsolo, no decurso de escavações arqueológicas, e coloca uma série de questões, muito pertinentes, relativas ao subsolo do Centro Histórico de Braga. É a visão do arqueólogo que, durante décadas, foi responsável pela gestão dos trabalhos arqueológicos em Braga.


"A cidade de Bracara Augusta, bem como a Braga Medieval e Barroca, foram edificadas sobre uma mancha rochosa com características específicas.

Assim, o subsolo de Braga é uma verdadeira caixa de surpresas, que deve ser gerida com o máximo cuidado, não só devido aos vestígios arqueológicos, mas também à variabilidade do granito e, ainda aos possíveis aquíferos. Num determinado ponto encontra-se a rocha dura a poucos metros do solo; noutro a arena granítica com uma espessura significativa.

Não admira, pois, que as intervenções na zona histórica da cidade possam colidir com uma mancha compacta de Granito de Braga como, por exemplo, se está a verificar na obra em curso entre as Ruas de São Vicente e Gabriel Pereira de Castro, no âmbito de um projecto que inclui pisos subterrâneos e que implicou o uso de explosivos. Terá sido uma surpresa? Ou já se previa?

Em Braga, os projectos para imóveis que contemplem parques ou pisos subterrâneos deveriam ser cuidadosamente ponderados e instruídos com estudos geológicos, de geofísica e de análise dos macro e micro impactos nos imóveis adjacentes, no caso de ser necessário recorrer a explosivos, mesmo com técnicas muito sofisticadas.

A estabilidade de um monumento como o Recolhimento da Convertidas deveria ser a primeira prioridade da Presidência da CMB e da Direcção Regional da Cultura do Norte. De resto, sendo Braga uma cidade de dimensão média, não seria mais prudente colocar de lado os parques subterrâneos na zona histórica da cidade, de uma vez por todas? Para além dos aspectos já enunciados, há também a questão da adaptação às alterações climáticas, que implica a necessidade urgente de reduzir o tráfego automóvel no centro das cidades. 

Que tal organizar uma rede de parques de estacionamento em redor da cidade e um sistema de autocarros eléctricos que, a intervalos certos, conduzam os visitantes e turistas (e sua bagagem), aos hotéis situados no Centro Histórico?"

Entre aspas anteriores sobre este assunto:

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