INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2024 comemorou 47 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

ENTRE ASPAS "Recolhimento das Convertidas: olhares cruzados"

O edifício "Recolhimento das Convertidas", em Braga, foi inaugurado em 1722 como espaço de acolhimento de mulheres.
A fachada barroca, que vemos da Avenida Central, esconde um interior que surpreende quem o visita. A descrição sobre este edifício, disponível na página da DGPC, é esclarecedora sobre a sua importância à época e sobre as razões que levaram à sua classificação, em 2012, como monumento de interesse público com uma zona especial de proteção (ZEP), que inclui edifícios contíguos.
O interior desenvolve-se em torno de um pátio em forma de U, em redor do qual existem dois pisos com pequenas celas/quartos de recolhimento de mulheres, pequenos e muito simples. A capela barroca, de planta retangular, com teto abobadado pintado com motivos decorativos, tem gelosias no coro-alto por onde as mulheres assistiam à missa e outras celebrações sem serem vistas.
É um edifício que, segundo a DRCN, possibilita um restauro praticamente integral sob o ponto de vista arquitectónico. 
A ZEP do Recolhimento das Convertidas foi definida tendo em vista a proteção do monumento que, segundo a DRCN, "se insere numa área da cidade de Braga perfeitamente consolidada e faz parte integrante de uma frente contínua que limita a avenida Central de Braga, onde existem outros edifícios de valor arquitectónico, com importância e valor variável, mas que constituem um enquadramento que contribui para a valorização do imóvel". Daí que a DRCN tenha incluído a frente urbana da Avenida Central na ZEP do monumento.
Esperava-se, por isso mesmo, que a DRCN actuasse de modo a proteger a área abrangida pela ZEP do monumento. O que, para surpresa nossa, não aconteceu, uma vez que deu parecer favorável à construção de um hotel de grande volumetria, com cinco pisos, contíguo ao Recolhimento das Convertidas. 
O edifício desperta, a quem o visita, sensações fortes, na medida em que os espaços pequenos das celas, os corredores estreitos, o pátio em U e logradouro, convidam a imaginar o quotidiano das mulheres que lá habitavam.
O texto de Isabel Cristina Mateus  convida-nos a recuar no tempo...


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