O Recolhimento das Convertidas tem sido objeto de inúmeras agressões, no geral devidas ao descuido e ao descaso, sem que haja atuação da parte das entidades responsáveis no sentido de salvar este Monumento de Interesse Público, um memorial do barroco conventual, único, que manteve a sua autenticidade até ao séc. XXI.
Restou à comunidade e a entidades como a ASPA manifestarem-se de forma persistente junto de quem pode atuar no sentido de evitar a condenação definitiva do monumento, sublinhando a perda irreparável que significaria o seu desaparecimento, não só para Braga, mas também para o país.
Foram inúmeros os alertas junto da anterior tutela do património (DRCN e DGPC) e do Ministério de Administração Interna (MAI), acompanhados de imagens elucidativas. Os responsáveis por esses organismos não têm dúvidas, com certeza, que o Recolhimento das Convertidas se encontra em risco e que a Capela poderá não resistir por muito mais tempo. Uma janela aberta e vidros partidos foram motivo de alerta recente junto do MAI e do Património Cultural I.P.
Foi perante este cenário e ameaça de perda, que várias entidades e personalidades ligadas à cultura, ao património, à intervenção cidadã e à comunidade académica, se uniram no propósito de pôr fim à degradação galopante do edifício do Recolhimento das Convertidas, sugerindo às entidades públicas com capacidade de intervir – CIM Cávado e Câmara Municipal de Braga, Património Cultural IP e CCDR-Norte – a sua recuperação e reafectação a novas funcionalidades, como CASA DA MEMÓRIA DA MULHER.
Neste sentido, assegurada a recuperação do edifício, são propostos três eixos fundamentais de estruturação do projeto:
- Criação de um Espaço de Memória do Recolhimento das Convertidas.
- Aproximação à comunidade académica, através da promoção de investigação, estudo e divulgação da condição feminina, em Braga, em Portugal, na Europa e no Mundo.
- Abertura à comunidade: espaços e iniciativas.
A criação da CASA DA MEMÓRIA DA MULHER pressupõe uma reabilitação que respeite a autenticidade deste memorial do barroco conventual e que salvaguarde o património edificado, associando-lhe o património imaterial decorrente da memória do que foi este espaço e das memórias de quem o habitou. Esse contexto muito especial permitirá diferentes valências e uma panóplia alargada e regular de atividades que contribuirão, com certeza, para o enriquecimento da oferta cultural e educativa na cidade, apelando a um amplo envolvimento da comunidade.
Tendo a ASPA avançado com esta proposta, foi com enorme satisfação que viu associar-se à mesma a CIVITAS Braga, a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), a APAV (Associação de Apoio à Vítima), o Tin.Bra (Academia de Teatro de Braga), a Associação Cultural SUONART e o Grupo de Cantares Tradicionais Mulheres do Minho, bem como elementos da comunidade. Estamos certos de que, a breve prazo, outras entidades e personalidades se juntarão na subscrição desta proposta que, neste momento, já reúne o apoio de de subscritores de diversas áreas - movimento associativo e cultural, comunidade académica, etc. –, bem como de diversas organizações e sensibilidades políticas.
As entidades e personalidades subscritoras entregaram à CIM - Cávado, ao Património Cultural I.P. e à CCDR-N Cultura e Património, bem como à Senhora Ministra da Cultura e ao ICOMOS, as razões e o sentido da proposta de criação, no Recolhimento das Convertidas, da CASA DA MEMÓRIA DA MULHER.
Espera-se que, a breve prazo:
- A tutela do Património realize uma avaliação técnica da situação em que se encontra o Recolhimento das Convertidas e a Capela da São Gonçalo, para que sejam definidas soluções para a sua conservação e restauro, com respeito pela autenticidade deste memorial do barroco conventual, de modo a garantir a preservação do espírito do lugar.
- Seja concluído o processo de permuta, entre a CIM Cávado e o Estado Português, de modo a que o Recolhimento das Convertidas passe, definitivamente, para a propriedade da CIM Cávado.
- Que a CIM Cávado, com o contributo do Património Cultural IP, organize o projeto de reabilitação do edifício tendo em vista a criação da CASA DA MEMÓRIA DA MULHER.
- Que o Património Cultural I.P. e a CCDR N encontrem fontes de financiamento, para que a conservação e restauro se concretize, permita salvar o monumento e dar-lhe um uso público como polo Cultural e Educativo ao serviço da comunidade.
Neste momento, em que o monumento está em risco, é essencial a união de esforços, por parte destas entidades públicas, para o salvar. Tal como foi necessária a união de organizações da sociedade civil para organizar esta proposta de transformação do Recolhimento das Convertidas em CASA DA MEMÓRIA DA MULHER, para o salvar e dinamizar, com uso público, de modo a permitir a sua entrega às gerações vindouras. ASPA
Passaram já três séculos desde que, em 25 de abril de 1722, foi inaugurado o Recolhimento das Convertidas e 13 anos desde a sua classificação como Monumento de Interesse Público (Portaria nº 665/2012). Um tempo longo que culmina na agonia lenta deste memorial do barroco conventual, um elemento patrimonial valioso pelo que representa e pela sua singularidade que, apesar de ter resistido à ruína plena, poderá sucumbir se nada for feito para o salvar.
Nascido num 25 de abril, dia em que se comemora a Liberdade, este edifício representa bem o mote escolhido este ano para a celebração do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, comemorado a 18 de abril: Património Resiliente Face a Catástrofes e Conflitos. Mote que foi o ponto de partida para este projeto.
Para salvar o Recolhimento das Convertidas e a Capela de São Gonçalo é imprescindível o empenho do novo Governo, bem como dos deputados eleitos por Braga, para a Assembleia da República. O interesse público assim o exige!
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