INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2025 comemorou 48 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

ENTRE ASPAS: "NESTE NATAL, VAMOS CONHECER OS AZEITES"

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Seja qual for a tradição gastronómica de Natal, há um ingrediente indispensável nas cozinhas e mesas portuguesas: o azeite. Está presente nos pratos principais (o bacalhau quer-se bem regado com azeite!), nos acompanhamentos e até nas frituras típicas da época.

O azeite faz parte da vida e dieta dos povos do Mediterrâneo desde há muito tempo. A forma de fazer azeite mudou muito nas últimas décadas: a azeitona é colhida mais cedo, no estado de maturação ideal, e processada rapidamente; os lagares são limpos e têm temperatura controlada. Com esta modernização, os azeites portugueses passaram a ser reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade: são azeites estáveis, aromáticos, apresentam baixos níveis de acidez e, sobretudo, estão isentos de defeitos sensoriais como ranço, tulha ou mofo.

Hoje temos à nossa disposição um alargado leque de opções de azeites, com diferentes qualidades, origens, preços e apresentações de embalagem. Mas como escolher? Sugiro que pondere os seguintes factores:

Qualidade. Quanto mais novo é o azeite, melhor é a sua qualidade. O tempo de consumo de cada azeite é definido pelo produtor (situa-se, em regra, entre os 9 e os 24 meses após extracção). Há azeites que se mantêm bons para consumo durante mais tempo (bem acondicionados e em recipientes escuros, para evitar a oxidação), mas vão perdendo qualidade e os seus aromas vão-se alterando. A acidez do azeite também influencia: quanto mais baixa for, maior qualidade tem o azeite, mais tempo tende a durar. O melhor azeite é o Virgem Extra, de acidez não superior a 0,8%. O seguinte é o Azeite Virgem, com acidez inferior a 2%. Existe depois o Azeite corrente, que contém mistura de azeite refinado. Estas duas últimas opções, mais baratas, podem ser usadas em fritos e refogados. Para utilizar em cru (em saladas, sopas e, claro, nos pratos de Natal), deve usar Virgem Extra.

Origem geográfica. Escolher azeites portugueses é uma forma de valorização da produção e economia nacional. A origem geográfica imprime ao azeite um carácter próprio: os de Trás-os-Montes tendem a ser mais intensos; os do Alentejo, mais suaves e de aroma fresco; os do Ribatejo, redondos e equilibrados; e os das Beiras terão perfis mais neutros. Mas até na mesma região, a diversidade de azeites é enorme e o melhor critério será sempre o paladar de cada um. Contudo, lembre-se que as suas escolhas como consumidor têm impacto directo nos territórios de origem dos produtos adquiridos. Se tiver preocupações de preservação do património, pode procurar azeites com Denominação de Origem Protegida (DOP). Não sendo sinónimo directo de qualidade superior, a qualificação DOP garante que o azeite foi produzido dentro de uma região geográfica delimitada, segundo uma série de práticas específicas, tradicionais e usando variedades de oliveiras locais.

Tipo de produção e práticas culturais. Em Portugal, a produção divide-se em três tipos de olival: o extensivo, o intensivo e o super-intensivo. Por um lado, os olivais extensivos e tradicionais têm árvores espaçadas, muitas vezes centenárias, conduzidas em sequeiro e, na maior parte das vezes, são explorados por empresas familiares de pequena dimensão. Por outro, os olivais intensivos e super-intensivos têm grande escala, grandes densidades de plantação, as árvores são muitas vezes regadas, e os processos são mecanizados. O super-intensivo, que tem vindo a ser instalado nos últimos anos no Alentejo, junto do Alqueva, é extremamente produtivo mas tem um impacto ambiental mais elevado.

Qualquer dos sistemas pode produzir azeites de elevadíssima qualidade, mas os seus efeitos ecológicos e sociais são diferentes. A escolha deverá privilegiar azeites produzidos com responsabilidade ambiental e social. Até há poucos anos, podíamos, por exemplo, desconfiar da sustentabilidade ambiental dos azeites provenientes de azeitonas de apanha nocturna. Mas desde 2019, após um estudo do INIAV que relatava que a apanha nocturna nos olivais era causa directa de morte de inúmeras aves que procuravam abrigo nas oliveiras durante a noite, que essas práticas foram banidas. Explorações que mantêm cobertura vegetal no solo, limitam o uso de pesticidas e herbicidas, fazem controlo biológico de pragas e gestão cuidadosa da água, apresentam impactes ambientais significativamente menores. Mas como este tipo de indicadores de sustentabilidade não aparecem, em regra, de forma explícita no rótulo, podemos, por questões de praticidade, procurar certificações de produção biológica, produção integrada ou qualificações regionais que incluam requisitos de boas práticas.

Ainda, se o objectivo for alinhar a escolha com a conservação do património natural e cultural, o azeite de olival extensivo e tradicional merece uma atenção especial. É nos olivais extensivos que se mantêm as variedades nacionais que conferem a genuinidade ao azeite português tradicional. Nos olivais intensivos e super-intensivos encontramos quase exclusivamente variedades de oliveiras estrangeiras adaptadas. Os olivais extensivos também mantêm mosaicos de paisagem onde cabem matos, pastagens, muros de pedra, linhas de água e pequenas hortas. Suportam maior diversidade de aves e insectos, usam menos químicos (ou nenhum) e ajudam a conservar solos frágeis em encostas e zonas de montanha. Para além disso, em muitas regiões, especialmente em zonas de montanha, o olival tradicional é uma atividade económica que mantém pessoas nos territórios rurais, sendo assegurada essencialmente por pequenas explorações e pequenas cooperativas.

Se o Natal é uma altura em que falamos de tradição, comunidade e solidariedade, escolher para a consoada (e para os restantes dias do ano) um azeite português de qualidade, produzido com respeito pela Natureza e proveniente do trabalho de empresas dos territórios rurais de baixa densidade é um bom exercício prático dessa lógica.

                                                                                   Catarina Afonso (Bióloga)

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

COMO A QUADRA NATALÍCIA PODE IMPLICAR A PERDA DE BIODIVERSIDADE

Com a aproximação da quadra natalícia, importa questionar o uso de musgo e de azevinho, tanto para o presépio como para ornamentação. É um hábito antigo, mas não é compatível com as preocupações ambientais atuais em matéria de biodiversidade.

Neste Entre Aspas, publicado em dezembro de 2019, Catarina Afonso alerta para os riscos da recolha de musgo e de azevinho, nesta época do ano, e faculta informação importante sobre estes dois exemplares da flora nativa da região. 


Como a quadra natalícia pode implicar a perda da biodiversidade

Em muitas culturas ocidentais, o azevinho (Ilex aquifolium) é um dos símbolos da quadra natalícia. A tradição de usar o azevinho em decoração natalícia é tão antiga que se pensa que a sua origem remonte a costumes associados aos festejos de Solstício de Inverno (Yule) dos povos pagãos antigos e, mais tarde, incorporados nas festas em honra de Saturno, da Roma Antiga. Durante estas festividades celebradas em dezembro, as casas eram decoradas com coroas de folhagem vivaz, essencialmente ramos de azevinho, gilbardeira (Ruscus aculeatus) e hera (Hedera helix). Posteriormente, também as celebrações cristãs do Natal começaram a usar os enfeites e coroas de azevinho.

Na verdade, o uso do azevinho em todas estas tradições de diferentes origens deve-se muito provavelmente ao simples facto de não existirem flores espontâneas coloridas durante o Inverno no Hemisfério Norte. Os frutos vermelhos brilhantes, que sobressaem entre o verde intenso e lustroso dos ramos, fazem com que este arbusto tenha sido escolhido, por tantas culturas e desde há tanto tempo, como ornamento e símbolo desta época do ano.

Sendo tão procurados durante esta quadra, os ramos de azevinho são cortados, muitas vezes sem critério, debilitando os exemplares desta espécie. Sendo uma espécie dióica (há plantas machos e plantas fêmeas), são sobretudo as árvores fêmeas (as que têm os frutos vermelhos) as que mais são procuradas e mutiladas, precisamente na fase de crescimento em que não deve ser colhida (fase de fruto, que dará origem a nova planta). Por isso, e por haver risco de extinção enquanto espécie de ocorrência natural, publicava-se, há precisamente 30 anos, em Diário da República, o Decreto-Lei n.º 423/89 de 4 de Dezembro, a lei que proíbe totalmente o arranque, o corte total ou parcial, o transporte e a venda do azevinho espontâneo.

Lê-se no decreto: “O azevinho tem sido tradicionalmente usado como ornamento característico da quadra natalícia, o que motiva uma procura (…) cada vez mais intensa nos poucos locais onde ainda é possível encontrá-lo espontâneo (…) praticando-se, sistemática e indiscriminadamente, uma desrama quase ou mesmo total, que provoca a morte das plantas, muitas vezes exemplares de grande beleza e raridade, com várias centenas de anos.”

O azevinho, cujo habitat mais favorável são os bosques sombrios e protegidos de montanha até aos 1600 metros, é uma das poucas espécies cuja densa folhagem permanece verde durante os meses mais frios do ano, enquanto que as árvores de folha caduca, como os castanheiros e os carvalhos, perdem as suas folhas. É entre e sob a folhagem do azevinho que aves, lebres e outros animais encontram abrigo contra o rigor do Inverno e se refugiam de predadores. Os seus frutos, embora tóxicos para humanos e animais domésticos, são uma importante fonte de alimento para abelhas e aves, e a sua casca é apreciada pelos coelhos. A presença do azevinho nos bosques e carvalhais tem, assim, uma elevada importância na subsistência de muitas espécies de animais durante o Inverno.

Em Portugal, o azevinho é uma espécie de crescimento lento, que pode viver centenas de anos e atingir mais de 10 metros de altura. Actualmente aparece em áreas de maior protecção do património natural, mas que permanecem ameaçadas pela destruição quer por fogo, quer por corte para satisfação da enorme demanda de mercado na época natalícia.

Como consequência da diminuição do azevinho, começou a verificar-se a colheita abusiva de gilbardeira (Ruscus aculeatus), também chamada de falso-azevinho, que possui folhagem vistosa e frutos de inverno também vermelhos, e do teixo (Taxus baccata), outrora muito abundante por toda a Europa, mas hoje considerado uma espécie em vias de extinção. Ambas as espécies se encontram abrangidas por legislação europeia sob a Diretiva Habitats (92/43/CEE), que contempla espécies de interesse comunitário cuja conservação é objecto de medidas específicas de gestão e/ou protecção.

Mas a quadra natalícia representa também uma ameaça a outras plantas – os briófitos. Os briófitos são um conjunto de plantas que não possuem verdadeiras raízes, caules ou folhas e nunca produzem sementes, flores ou frutos. Os musgos incluem-se neste grupo de plantas, que são consideradas as mais primitivas plantas terrestres.

Estas plantas armazenam grandes quantidades de água e têm a capacidade de libertá-la lentamente para o ambiente circundante, tendo um papel fundamental nos ciclos de nutrientes e da água na maioria dos ecossistemas. Têm também uma função relevante na acumulação de biomassa, retenção de dióxido de carbono e prevenção da erosão do solo. Para além disso, albergam uma microfauna muito diversa. Os briófitos são ainda usados como bioindicadores ambientais, uma vez que desaparecem em ambientes poluídos, sobrevivendo em zonas de boa qualidade aquática e atmosférica.

Conhecem-se mais de 700 espécies de briófitos em Portugal, mas o facto de serem organismos associados a condições ecológicas muito particulares faz com que cada espécie ocorra apenas em áreas muito restritas. Assim, muitas das espécies são já raras e outras encontram-se ameaçadas devido à destruição dos seus habitats, por acção antropogénica directa (como o caso da drenagem das turfeiras onde se encontram vários musgos) e também pelas alterações climáticas.

Em Portugal, a protecção dos musgos limita-se apenas aos musgos do género Sphagnum e, de modo genérico, às turfeiras, que são abrangidos pela Directiva Habitats. Apesar disso, mas talvez devido à ausência de legislação própria para a sua protecção, com aplicação de coimas e multas para as infracções, ocorre nesta época a colheita indiscriminada de musgos e outros briófitos para decoração dos presépios, fazendo com que a quadra natalícia seja mais um dos factores a contribuir para que estas plantas estejam a tornar-se cada vez mais raras.

Catarina Afonso

(Bióloga. Doutoranda no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Lisboa)

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Mais informação: https://natural.pt/news/natal-sem-musgo?locale=pt

A PROPÓSITO DO RECOLHIMENTO DAS CONVERTIDAS...

O RECOLHIMENTO DE SANTA MARIA MADALENA OU  DAS CONVERTIDAS É MONUMENTO DE INTERESSE PÚBLICO. 

Na última semana,  a Câmara Municipal de Braga desencadeou uma ação simbólica, que demonstra atenção em relação ao Recolhimento das Convertidas. 

Trata-se de um Monumento de Interesse Público, um memorial do barroco conventual, único, com mais de 300 anos, que manteve a sua autenticidade até ao séc. XXI. Um monumento de grande valor histórico e patrimonial, numa cidade que não o soube proteger embora se afirme como Cidade do Barroco.


Janela aberta deste início de 2025


Agora, tanto o Presidente da Câmara como a Vereadora da Cultura e Património, constataram o que a ASPA refere há bastante tempo: que o monumento está abandonado e em risco, há anos. A entrada de água pelas janelas abertas (desde início do ano) agravou, com certeza, a situação que já existia antes.


Por isso questionamos:

  • Em que situação está a estrutura de todo o edifício, uma vez que é em madeira?
  • Em que situação está o teto da Capela de São Gonçalo, com motivos decorativos pintados em traves de madeira?
  • Em que situação está o retábulo barroco de talha dourada?
  • Em que situação está o arco triunfal?
  • Em que situação está o oratório seiscentista?
  • Em que situação estão os azulejos?


Uma vez que a Câmara Municipal de Braga tem em sua posse a chave do monumento, compete-lhe articular com a ESTAMO e com o Património Cultural I.P., uma vez que se trata de um edifício que pertence ao Estado e está classificado como Monumento de Interesse Público.

Assim, para além do isolamento urgente das janelas, é urgente:

  • realizar uma avaliação rigorosa, sob o ponto de vista estrutural e do património artístico, de modo a conhecer a situação exata em que se encontra o Recolhimento das Convertidas e a Capela de São Gonçalo;
  • definir quais as ações pontuais a realizar, no sentido de evitar o agravamento da situação;
  • encontrar soluções para a sua conservação e restauro, com respeito pela autenticidade deste memorial do barroco conventual, garantindo a preservação do espírito do lugar.

O alerta público, insistente, por parte da ASPA, teve em vista salvar um monumento que é importante para Braga.


A intervenção da ASPA, ao longo dos últimos anos, junto dos organismos responsáveis pela tutela do património cultural português, vai com certeza permitir que este caso seja rapidamente resolvido, depois de muitos anos de inércia.


Esperamos que a conclusão do processo de permuta, que permitirá a passagem do Museu dos Biscainhos para o Estado, e do Recolhimento das Convertidas para a CIM Cávado/ Câmara Municipal de Braga, esteja para breve.

A constatação sobre o estado de degradação do monumento irá, com certeza, agilizar a permuta que, há muito, devia estar concluída.


O projeto para criação da CASA DA MEMÓRIA DA MULHER no Recolhimento das Convertidas, que resultou de um desafio lançado pela ASPA a um conjunto de organizações locais e nacionais, tem em vista salvar o monumento, com respeito pela autenticidade deste memorial do barroco conventual, garantindo a preservação do espírito do lugar.

Contou com o apoio de personalidades da área da cultura e património, bem como de elementos da comunidade académica. Pessoas que se destacam em diversas áreas: história, arquitetura, mediação cultural, etc.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

ENTRE ASPAS: "Só resta um quiosque centenário! O do Largo de São Francisco."

 Só resta um quiosque centenário...

Pormenor de fotografia de Manoel Carneiro. Quiosques hexagonais na Praça da República. 

Arquivo fotográfico ASPA/ Fototeca MNS.

As imagens dos arquivos fotográficos pertença da ASPA, que se encontram na Fototeca do Museu Nogueira da Silva/Universidade do Minho, permitem conhecer a imagem urbana de Braga, desde o séc. XIX a meados do séc. XX, na qual os quiosques marcam presença. Manoel Carneiro (séc. XIX-XX) revela-nos um número significativo de quiosques e outros equipamentos urbanos, situados em praças do Centro Histórico de Braga: Praça da República (Arcada), Praça do Município, Largo do Pópulo, Campo da Vinha, Campo de Santiago, Campo das Hortas e Jardim da Senhora-a-Branca. Arcelino de Azevedo (1940-1960) revela-nos uma outra localização de dois desses quiosques hexagonais, desde então no Largo Barão de São Martinho e Largo de São Francisco. No final do séc. XIX, e início do séc. XX, havia vários quiosques em cada uma das Praças e Largos históricos.

 

Desse conjunto de quiosques, com formas e cores diferentes, vários hexagonais, só dois resistiram até ao séc. XXI e, desses, só um se mantém no espaço público em 2025, o quiosque pintado a verde, no Largo de São Francisco, que nos últimos anos foi usado como local de venda de flores e plantas. Hoje destaca-se pelo abandono a que foi sujeito.

 

Sabendo que os quiosques foram equipamentos urbanos de referência em épocas passadas, espaço de comércio, convívio social e lazer, onde se conversava sobre os mais variados temas suscitados pelos jornais e revistas que vendiam, a ASPA lançou um desafio à Câmara Municipal de Braga, em 2018, no sentido de reconhecer valor patrimonial aos quiosques históricos, promover o seu estudo e formalizar a classificação como equipamento urbano de interesse municipal, tendo em vista a sua conservação no espaço público.

O pedido de classificação, reforçado em 2024, foi acompanhado de imagens dos arquivos fotográficos Manoel Carneiro e Arcelino de Azevedo, ambos pertença da ASPA, que nos revelam uma imagem urbana de Braga marcada pela presença de quiosques, coretos, mictórios e outros equipamentos urbanos. Manoel Carneiro mostra-nos quiosques que há muito desapareceram.

Outras cidades, em Portugal e outros países, reabilitaram os seus quiosques, dando-lhes um uso atual. Braga podia seguir o exemplo, pois os quiosques, sendo marcos do passado no espaço público, podem ter usos atuais, conforme vemos em cidades que valorizam o património e reconhecem a sua importância histórica. Podem ser o ponto de partida para narrativas que lembrem o passado, através de diálogo com o edificado da envolvente - por exemplo através de sessões de história ao vivo que recriem vivências do quotidiano do séc. XIX/XX -, de modo a incentivar o pensamento crítico e promover uma compreensão mais profunda do património.

Os quiosques, tal como os coretos, são recursos importantes para a mediação cultural, como contributo para a promoção de literacia cívica e da cidadania cultural, de especial importância numa cidade onde o passado se cruza com o presente e o património cultural construído precisa ser respeitado.  São importantes sob o ponto de vista educativo, cultural e turístico.

 

Foi uma boa surpresa constatar que, em véspera das recentes eleições autárquicas, o Executivo Municipal cessante aprovou, finalmente, a classificação do Quiosque do Largo de São Francisco como Monumento de Interesse Municipal (MIM). O único que resistiu, apesar de se encontrar degradado.

Valeu a pena a persistência da ASPA!

Estranha-se, contudo, que a designação atribuída seja “Quiosque de Flores do Largo de S. Francisco”, uma vez que só nos últimos anos foi usado como local de venda de flores e, entretanto, deixou de ser usado como tal. Na página oficial do Património Cultural I.P. é possível verificar que se encontra em vias de classificação como Monumento de Interesse Municipal, designando-o Quiosque de Flores do Largo de S. Francisco”!

De facto, apesar de este Quiosque se encontrar em vias de classificação, revela total abandono que não passa despercebido a quem lá passa.  Assim, espera-se que, em breve, seja sujeito a conservação e restauro.

 

Quiosque vermelho, que era um elemento marcante no Largo Barão de São Martinho, junto à “Brasileira”, também estava num estado idêntico. Mas, apesar dos alertas da ASPA e do pedido de classificação, desapareceu sem qualquer aviso. Procurámos saber para onde o levaram, mas tudo indica que só foi localizada uma parte deste quiosque centenário. Como foi possível?!

Como tencionam resolver este assunto os responsáveis por esta perda? Espera-se que o seu destino possa promover a reflexão, construtiva, conduzindo a melhores práticas em relação ao património.

 

Será que o quiosque vermelho, que foi vítima da inação ou insensibilidade em relação ao património, que impediu a sua conservação e classificação, a tempo de o salvar, ainda nos vai surpreender, quiçá como memória do final do séc. XIX/ início do séc. XX, num futuro museu da cidade?

 

Numa cidade histórica, como Braga, onde os arquivos fotográficos do séc. XIX e XX permitem conhecer o passado, não é difícil proteger o património e deixá-lo como herança a gerações futuras.

                                                                                    Teresa Barbosa

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A Câmara Municipal de Braga determinou, a 12 de setembro, a abertura do procedimento de classificação, como Monumento de Interesse Municipal, do Quiosque centenário que restou.

A ASPA, que apresentou a proposta de classificação em 2018, estranha a designação “Quiosque de Flores do Largo de São Francisco”, conforme referido no Edital nº 1578/2025, de 12 de setembro, uma vez que o referido quiosque só, nos últimos anos, teve esse uso.

Assim, sugeriu-se que a designação deste Monumento de Interesse Municipal seja alterada para “Quiosque Centenário do Largo de São Francisco”.

                                                                                      ASPA          



domingo, 23 de novembro de 2025

Congresso "CASA NOBRE, UM PATRIMÓNIO PARA O FUTURO"

"As Zonas Especiais de Proteção: uma ferramenta para a salvaguarda da Casa Nobre", foi o tema da comunicação apresentada por Orlando Sousa (Presidente do ICOMOS) e Teresa Barbosa (em representação da ASPA), no 7º Congresso Internacional "A Casa Nobre: um Património para o Futuro", realizado nos Arcos de Valdevez, de 20 a 22 de novembro.

Permitiu alertar os proprietários das Casas Nobres para a importância da classificação destes bens culturais, com a necessária definição de ZEP (Zona Especial de Proteção), de modo a evitar os riscos a que estas casas estão sujeitas, tanto em meio urbano como rural, devido à pressão imobiliária.

Neste contexto, torna-se essencial a definição do conteúdo da ZEP (construções que inclui e caracterização da envolvente), bem como restrições de uso.

A nível rural, a ZEP deve especificar as infraestruturas agrícolas existentes - casa de caseiro, varandão ou espigueiro, eira, engenhos ou moinhos, tanques ou fontanários, muros em granito, socalcos, etc. -, bem como bosques de espécies autóctones, árvores de fruto, etc., uma vez que a paisagem rural articula o património cultural construído com o património natural.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

ENTRE ASPAS: "José Veiga, o desenhador da alma de Braga. Um itinerário pela vida e obra de um artista que deu forma à sensibilidade de uma cidade"

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A cidade de Braga celebra este ano o centenário do nascimento de José Veiga (1925-2002), artista que, ao longo de uma vida inteira, soube captar como poucos a alma da cidade - os seus lugares, as suas festas, as suas gentes e os seus símbolos. A exposição – na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva – “José Veiga, o desenhador da alma de Braga”, integrada no programa Braga – Capital Portuguesa da Cultura 2025, convida-nos a percorrer, passo a passo, a história de um homem que desenhou o rosto e a memória da sua terra.

Organizada pelo Arquivo Municipal de Braga (AMB) / Divisão da Cultura e pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva (BLCS), esta mostra é o primeiro grande tributo ao artista que fez da simplicidade uma estética e da sensibilidade uma forma de compromisso. O itinerário expositivo é também uma viagem interior: começa na vida pessoal e familiar de Veiga – nascido na freguesia da Sé, no seio de uma família da pequena burguesia comercial – e estende-se à descoberta de uma Braga que se transformava lentamente, ainda marcada pelos ritmos rurais e pelas convenções do Estado Novo.

O traço e a cidade

O diálogo entre o artista e a cidade é um dos eixos centrais da exposição.

Com um olhar atento às ruas, aos ofícios e às figuras típicas, retratou a cidade com humor, ironia e ternura. Braga foi o seu grande ateliê e o seu tema maior – a cidade que o inspirava e a cidade que ele reinventava – resgatando patrimónios desaparecidos e dando nova vida ao que o tempo parecia ter apagado.

Mas Veiga não se limitou ao desenho em papel. O seu talento expandiu-se para o espaço público e para a celebração coletiva. Nos arcos e iluminações do São João, nas ornamentações da Semana Santa, nas armações minuciosas que davam corpo à alegria popular, a sua imaginação transformava-se em cenografia. Era um desenhador que pensava em grande escala, um verdadeiro arquiteto da festa. Entre o traço delicado e a monumentalidade das estruturas urbanas, José Veiga construiu uma ponte entre o íntimo e o comunitário, entre o detalhe e o esplendor público.

O humor e o olhar cívico

O artista bracarense era também um observador arguto do seu tempo. Através da caricatura e do cartoon, expressava uma consciência crítica que o tornava cúmplice e, por vezes, irreverente. Criou personagens que ficaram na memória - como “O Braguinha”, alter-ego de ironia e ternura, ou o narigudo “Repórter Cê”, que acompanhava com sarcasmo o quotidiano da cidade.

Essas figuras espelham o lado cívico de um criador atento às transformações sociais e políticas, que via na arte uma forma de diálogo e de liberdade.

Nos seus desenhos e caricaturas, há sempre uma profunda empatia com o humano e uma ironia subtil ou mordaz, sobretudo quando abordava temas como o clero, a política ou o futebol, expondo a fragilidade e a humanidade das figuras do poder.

Entre dois mundos

A obra de Veiga é também o espelho de uma transição. Formado sob o regime estético do Estado Novo, herdeiro do nacionalismo disciplinador de António Ferro, o artista transportou essa linguagem para uma época de mudança. O 25 de Abril trouxe-lhe o impulso da liberdade e novas formas de expressão. Nos anos seguintes, o seu desenho tornou-se mais experimental, por vezes burlesco, quase grotesco – como nas célebres caixas de fósforos – onde o humor popular se encontra com a crítica social. A ruralidade de uma Braga antiga convivia, então, com os ventos modernos de uma cidade em transformação. José Veiga soube, como poucos, captar esse instante de passagem: o momento em que a tradição se abre ao futuro sem perder o enraizamento.

O homem e o cidadão

Mais do que um artista, Veiga foi um homem de convicções. Participou ativamente na vida cívica e cultural da cidade, foi membro da ASPA e envolveu-se nos movimentos políticos do pós-Revolução, nomeadamente no PCTP/MRPP. O seu trabalho nunca se afastou das pessoas. Dava-se com todos. Desenhava para comunicar, para construir memória, para afirmar uma identidade comum.

Memória e legado

A exposição organizada pelo AMB é também um gesto de reconhecimento. O espólio do artista, cuidadosamente preservado e enriquecido com doações da família, particularmente das suas filhas – Maria Helena e Maria da Conceição Veiga, permitiu reconstituir um percurso vasto e surpreendente.

Ao longo da investigação, emergiram histórias, objetos e testemunhos de quem com ele partilhou o ofício e a vida – colegas de ateliê, fotógrafos, tipógrafos, companheiros das festas e do quotidiano. Entre memórias dispersas, este projeto evidenciou também a necessidade premente de reunir um espólio ainda disperso, devolvendo unidade ao legado de José Veiga. Desse mosaico de memórias nasce um retrato plural de José Veiga: o criador, o cidadão, o amigo, o homem que via beleza em cada gesto.

A exposição não se esgota na saudade. É uma herança viva, que inspira as novas gerações. Veja-se o exemplo, integrado na mostra, do programa MEMORAR, onde os estudantes de Design do IPCA e da Escola Francisco Sanches reinterpretaram a sua obra, atribuindo-lhe o frescor e a curiosidade do olhar juvenil.

                                                                        Ana Maria Macedo


Caro associado,

Em cumprimento do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD)UE 2016/679, a ASPA solicita que atualize os seus dados de contacto, de modo a garantir que a comunicação entre a ASPA e os seus associados se mantenha correta, segura e em conformidade com a legislação vigente.

Envie, por favor, um e-mail para aspa.patrimonio@gmail.com, indicando: nome completo, morada, telefone e e-mail. 

Os dados fornecidos serão tratados de forma confidencial e segura, exclusivamente para fins da associação.

Agradecemos a sua colaboração.


sábado, 15 de novembro de 2025

A propósito do Recolhimento de Santa Maria Madalena ou das Convertidas (Monumento de Interesse Público)

O Recolhimento de Santa Maria Madalena ou das Convertidas, foi classificado como Monumento de Interesse Público pela Portaria nº 665/2012, de 12  de novembro.  

O monumento está desocupado desde final do séc. XX, sob responsabilidade do Ministério da Administração Interna(MAI). No início de 2025 a chave foi recolhida pelo MAI.

O estado de degradação do monumento é visível do espaço público, pelo que a ASPA tem atuado, junto de entidades responsáveis pelo Património cultural construído, tanto a nível local como junto do Governo e institutos públicos a quem compete proteger os bens culturais. 

Em 2017, a CIM Cávado desencadeou um processo de permuta de bens junto do Governo, que envolvia o Palácio dos Biscainhos (propriedade da CIM Cávado e em uso, como Museu, pelo Ministério da Cultura) e o Recolhimento das Convertidas bem como outros edifícios que são propriedade do Estado Português. Em agosto passado, o processo de permuta foi, finalmente, acordado, entre a ESTAMO (empresa pública que gere o património imobiliário público) e a CIM Cávado, pela Resolução do Conselho de Ministros nº 117/2025, de 11 de agosto.

 

Uma vez que a Resolução de Conselho de Ministros garante a permuta e irá assegurar a transição da propriedade do Estado português para a CIM Cávado, é urgente que se concretize de modo a que a chave do Recolhimento das Convertidas seja, finalmente, entregue à CIM Cávado, e esta comunidade intermunicipal possa garantir o isolamento das janelas que deixaram de cumprir a sua função, por estarem abertas ou sem vidros.

 

Importa lembrar que este “memorial do barroco conventual, único, que manteve a sua autenticidade até ao século XXI”, tem estrutura em madeira, e que a Capela tem teto abobadado de madeira, pintado com motivos decorativos, retábulos de talha dourada, gelosias no coro alto, etc.  Assim, é fácil perceber que a chuva, que entra neste monumento desde fevereiro de 2025, coloca em risco elevado este memorial único, de grande importância na cidade que é considerada como Capital do Barroco.

 

A ASPA tem atuado junto dos organismos responsáveis pelo património local/nacional - Câmara Municipal de Braga e CIM Cávado, Ministério da Cultura, Ministério da Administração Interna, Ministério das Finanças, ESTAMO, Património Cultural I.P. e CCDR N Cultura e Património -, insistindo para que atuem de modo a garantir a proteção do monumento, de acordo com o definido na Lei do Património.

A nível local aguardam, há anos, pela concretização da permuta.

 

Neste caso duas medidas urgentes, apelo que a ASPA faz desde início do ano:

1. fechar janelas e substituir vidros; ou isolar as janelas, caso a estrutura já não permita a colocação de vidros.

2. efetuar uma avaliação técnica, com diagnóstico do estado estrutural do edifício; avaliação do património artístico integrado.  









Informação complementar sobre este monumento

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

ENTRE ASPAS: "HISTÓRIA DA ARTE EM BRAGA"

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 Acaba de ser editada e apresentada a obra História da Arte em Braga”. Esta é, a todos os títulos, uma obra memorável, que estabelece um marco no conhecimento sobre a produção artística em Braga e o património cultural da cidade. Coordenada pelo nosso principal historiador de arte e sócio-fundador da ASPA, Eduardo Pires de Oliveira, organiza-se em cinco volumes, cada um deles dedicado a um período histórico específico. A obra é editada pela Câmara Municipal de Braga tendo, no conjunto dos seus volumes, um total de 903 páginas, sendo profusamente ilustrada, com capa de Helena Martins, fotografia de José Alberto Fernandes e um belo arranjo gráfico de Luís Cristovam e Helena Martins.

O primeiro volume, da autoria do arqueólogo e professor da Universidade do Porto, Rui Morais, com a colaboração do também arqueólogo e professor da Universidade do Minho, Jorge Ribeiro, intitula-se Cidade das Imagens e centra-se no período romano e pré-romano da cidade e região.

O segundo volume é dedicado à Arte na Idade Média, sendo da autoria do arqueólogo Luís Fontes e tem por título História das Artes Medievais no Concelho de Braga”.

O terceiro volume ocupa-se predominantemente do período renascentista, é da autoria da historiadora de arte e professora da Universidade do Minho, Paula Bessa, e tem por título; Arte em Braga C.1486- C. 1640”.

O quarto volume é da autoria do coordenador da obra, Eduardo Pires de Oliveira e ocupa-se do período áureo da arte na cidade, de finais do século XVII aos do século XVIII; intitulando-se Braga: Barroco, Rococó e Tardobarroco. Tendências Classicizantes“.

Finalmente, o quinto volume é também da autoria de Eduardo Pires de Oliveira, tendo ainda um apêndice sobre a arquitetura em Braga nos últimos 70 anos, da autoria do arquiteto e professor da Universidade do Minho, Eduardo Fernandes. Este volume debruça-se sobre os dois últimos séculos e intitula-se Séculos XIX/XX. Braga em Tempos de Procura e de Mudança.

 

Como o sócio fundador da ASPA, Henrique Barreto Nunes referiu no momento da apresentação que nenhuma cidade no país terá, como Braga, uma obra desta natureza, pela sua abrangência, completude, qualidade científica e interesse histórico e documental.

 Há, porventura, algumas razões específicas para que isso assim aconteça na nossa cidade.

Em primeiro lugar, a aliança entre o interesse científico dos autores e a disponibilidade e interesse da Câmara Municipal de Braga e do seu Presidente cessante, que se honram com esta publicação.

Mas, de uma forma mais profunda, esta obra só foi possível numa cidade que tem, pode dizer-se, uma cultura consolidada de estudo e defesa do património:  ao longo de várias gerações, um conjunto muito vasto de investigadores bracarenses – alguns com conhecimentos historiográficos e com formação académica, outros autodidatas comprometidos num estudo focado (lembramos, entre outros, Albano Belino, Sérgio Silva Pinto, Luís Costa) – que aliaram  um profundo amor à cidade e ao seu património, um desejo profundo de investigação sobre o legado do passado e um sentido crítico apurado sobre a sua preservação.  São centenas as obras publicadas neste domínio, a par de publicações periódicas que ainda hoje se mantêm, como as revistas Bracara Augusta e a Mínia. Contemporaneamente, este interesse pela história da cidade e o seu património não esmoreceu, como a obra que recenseamos ilustra superiormente.

 

Importa, entretanto, referir que esta cultura de defesa e estudo do património não significa que sempre tenha havido uma sintonia entre os interesses da preservação do património edificado e a orientação de quem detinha o poder na cidade. Pelo contrário, a destruição do património, a partir dos poderes instalados (político, económico e social) sempre aconteceu e as suas ameaças acentuaram na consciência cívica de alguns a necessidade urgente do estudo do que estava em risco de desaparecer ou desaparecera mesmo. Por exemplo, no volume que se ocupa de um dos períodos de maiores mudanças na fisionomia e na edificação da cidade, a historiadora Paula Bessa afirma a propósito do legado do tempo de D. Diogo de Sousa: “Em Braga, constantemente me surpreendo a pensar: ‘este chão que piso deve-se a D. Diogo de Sousa’. O mesmo me acontece com edifícios:’ isto deve-se a D. Diogo de Sousa’. Em Braga, é absolutamente impressionante a marca que este homem deixou e que faz parte da nossa vivência quotidiana de hoje, volvidos quinhentos anos e isto apesar das muitas destruições, transformações e reconstruções.” (op. cit., vol 3, pág. 26, sublinhado nosso). No passado, a ausência de uma ideia de defesa patrimonial levou à reconstrução de palácios e igrejas, no interior e no exterior, sempre com acomodação à moda do momento. Em tempos mais próximos, essa destruição deve-se mais ao descaso e à ignorância, aliadas aos interesses, sobretudo imobiliários, com forte impacto predatório.

 

Felizmente, pudemos também contar com algumas vitórias neste combate constante entre o conhecimento e a defesa do património, e as ameaças destruidoras: o campo arqueológico romano e o Mosteiro de Tibães, estão aí, entre outros testemunhos, para o comprovar.  Este combate vai manter-se.

Mas, todos nós, que defendemos a preservação do património e o seu usufruto público, ficamos mais fortes com esta obra e o conhecimento sobre o que é de todos que ela nos comunica.

 

Aguardamos o acesso público, em formato digital, a esta obra de grande importância para investigadores, professores e cidadãos que se interessam pelo património bracarense conforme prometido, na apresentação pública da obra, pelo Presidente da Câmara cessante.

                                                                                        ASPA