O primeiro volume, da autoria do arqueólogo e professor da Universidade do Porto, Rui Morais, com a colaboração do também arqueólogo e professor da Universidade do Minho, Jorge Ribeiro, intitula-se “Cidade das Imagens” e centra-se no período romano e pré-romano da cidade e região.
O segundo volume é dedicado à Arte na Idade Média, sendo da autoria do arqueólogo Luís Fontes e tem por título “História das Artes Medievais no Concelho de Braga”.
O terceiro volume ocupa-se predominantemente do período renascentista, é da autoria da historiadora de arte e professora da Universidade do Minho, Paula Bessa, e tem por título; “Arte em Braga C.1486- C. 1640”.
O quarto volume é da autoria do coordenador da obra, Eduardo Pires de Oliveira e ocupa-se do período áureo da arte na cidade, de finais do século XVII aos do século XVIII; intitulando-se “Braga: Barroco, Rococó e Tardobarroco. Tendências Classicizantes“.
Finalmente, o quinto volume é também da autoria de Eduardo Pires de Oliveira, tendo ainda um apêndice sobre a arquitetura em Braga nos últimos 70 anos, da autoria do arquiteto e professor da Universidade do Minho, Eduardo Fernandes. Este volume debruça-se sobre os dois últimos séculos e intitula-se “Séculos XIX/XX. Braga em Tempos de Procura e de Mudança.”
Como o sócio fundador da ASPA, Henrique Barreto Nunes referiu no momento da apresentação que nenhuma cidade no país terá, como Braga, uma obra desta natureza, pela sua abrangência, completude, qualidade científica e interesse histórico e documental.
 Há, porventura, algumas razões específicas para que isso assim aconteça na nossa cidade.
Em primeiro lugar, a aliança entre o interesse científico dos autores e a disponibilidade e interesse da Câmara Municipal de Braga e do seu Presidente cessante, que se honram com esta publicação.
Mas, de uma forma mais profunda, esta obra só foi possível numa cidade que tem, pode dizer-se, uma cultura consolidada de estudo e defesa do património:  ao longo de várias gerações, um conjunto muito vasto de investigadores bracarenses – alguns com conhecimentos historiográficos e com formação académica, outros autodidatas comprometidos num estudo focado (lembramos, entre outros, Albano Belino, Sérgio Silva Pinto, Luís Costa) – que aliaram  um profundo amor à cidade e ao seu património, um desejo profundo de investigação sobre o legado do passado e um sentido crítico apurado sobre a sua preservação.  São centenas as obras publicadas neste domínio, a par de publicações periódicas que ainda hoje se mantêm, como as revistas Bracara Augusta e a Mínia. Contemporaneamente, este interesse pela história da cidade e o seu património não esmoreceu, como a obra que recenseamos ilustra superiormente.
Importa, entretanto, referir que esta cultura de defesa e estudo do património não significa que sempre tenha havido uma sintonia entre os interesses da preservação do património edificado e a orientação de quem detinha o poder na cidade. Pelo contrário, a destruição do património, a partir dos poderes instalados (político, económico e social) sempre aconteceu e as suas ameaças acentuaram na consciência cívica de alguns a necessidade urgente do estudo do que estava em risco de desaparecer ou desaparecera mesmo. Por exemplo, no volume que se ocupa de um dos períodos de maiores mudanças na fisionomia e na edificação da cidade, a historiadora Paula Bessa afirma a propósito do legado do tempo de D. Diogo de Sousa: “Em Braga, constantemente me surpreendo a pensar: ‘este chão que piso deve-se a D. Diogo de Sousa’. O mesmo me acontece com edifícios:’ isto deve-se a D. Diogo de Sousa’. Em Braga, é absolutamente impressionante a marca que este homem deixou e que faz parte da nossa vivência quotidiana de hoje, volvidos quinhentos anos e isto apesar das muitas destruições, transformações e reconstruções.” (op. cit., vol 3, pág. 26, sublinhado nosso). No passado, a ausência de uma ideia de defesa patrimonial levou à reconstrução de palácios e igrejas, no interior e no exterior, sempre com acomodação à moda do momento. Em tempos mais próximos, essa destruição deve-se mais ao descaso e à ignorância, aliadas aos interesses, sobretudo imobiliários, com forte impacto predatório.
Felizmente, pudemos também contar com algumas vitórias neste combate constante entre o conhecimento e a defesa do património, e as ameaças destruidoras: o campo arqueológico romano e o Mosteiro de Tibães, estão aí, entre outros testemunhos, para o comprovar.  Este combate vai manter-se.
Mas, todos nós, que defendemos a preservação do património e o seu usufruto público, ficamos mais fortes com esta obra e o conhecimento sobre o que é de todos que ela nos comunica.
Aguardamos o acesso público, em formato digital, a esta obra de grande importância para investigadores, professores e cidadãos que se interessam pelo património bracarense conforme prometido, na apresentação pública da obra, pelo Presidente da Câmara cessante.                                                                                         ASPA  | 

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