Recentemente, a ASPA solicitou à DGPC que procedesse à
delimitação de Zonas Especiais de Protecção (ZEP) para dois relevantes monumentos da
cidade, as igrejas de S. Vicente e S. Victor, cujo valor decorre não apenas do
património edificado que se encontra à vista, mas também pelo que esconde sob
os alicerces e no subsolo.
Tendo em conta a sensibilidade arqueológica da zona envolvente à igreja de S. Victor, insistimos que seja estabelecida uma ZEP específica, a fim de salvaguardas todos os vestígios associados a um monumento notável e cujo contexto encerra dois mil anos de história, particularmente expressivos no que diz respeito ao Cristianismo da Gallaecia.
A Igreja de
São Victor está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1977, mas
apenas dispõe da zona automática de 50 metros em redor do monumento. Mesmo
assim os trabalhos arqueológicos do ano 2000 somente se realizaram por mero
acaso, apesar do prédio em cujo terreno foram encontrados os vestígios do
hipotético mausoléu ou templete, ficar no interior da área dos 50 metros.
Lamenta-se que a demolição das fachadas sul e leste, bem como das paredes
interiores, não tivesse sido acompanhada, pois que poderia ter sido detectada
alguma epígrafe ou elemento arquitectónico, e reutilizados.
A obra foi sinalizada por mero acaso, sendo contactado o Gabinete de
Arqueologia da CMB. Os desaterros foram interrompidos e desencadeados os trabalhos
arqueológicos.
Bibliografia:
LEMOS, Francisco
Sande (2001) ARREDORES DE BRACARA
AUGUSTA – recentes escavações arqueológicas na necrópole de S. Vítor; a via
romana para Aquae Flaviae; o território envolvente, Forum, 29, Conselho
Cultural da Universidade do Minho, Braga, pp 9-38 (não está acessível no
RepositoriUM).
COSTA, Avelino
Jesus da (1997) – O Bispo D. Pedro e a Organização da Arquidiocese de Braga,
I, Braga, 2ª ed. Irmandade de S. Bento da Porta Aberta, 342 p.
COSTA, Luís (1979)
– A Igreja de S. Vítor, ed. Paróquia de S. Vítor, Braga, 21 p.
MARTINS, Manuela e
DELGADO, Manuela (1989/90) – As necrópoles de Bracara Augusta. Os dados
arqueológicos, Cadernos de Arqueologia, Série II, 6-7, Braga, pp. 41-186.
PINTO, Sérgio da
Silva e ATHAÍDE, Alfredo de (1957) - A necrópole de S. Vítor – Braga (séc.
IX-X), Bracara Augusta, 8, n.º 1-2 (35-36), Braga, pp. 106-118.
Artigos de Luís Oliveira Fontes cuja leitura recomendamos:
- (2008) - A
igreja sueva de São Martinho de Dume. Arquitectura Cristã Antiga de Braga e na Antiguidade
Tardia do Noroeste de Portugal, Revlsta
de Historia da Arte, 6, Instituto
de História de Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova
de Lisboa, pp. 163-181.
- (2009) - O período suévico e visigótico e o papel da Igreja na organização do território. Minho: Traços de Identidade, Braga, Conselho Cultural da Universidade do Minho, 2009, pp. 200-215.
- (2017) - Entre pagãos e cristãos: a sacarlização da paisagem bracarense na Antiguidade Tardia, Ed. Gilvan Ventura da Silva, Érica Cristhyane Morais da Silva, Belchior Monteiro Lima Ney+to, In: Espaços do Sagrado na Cidade Antiga, GM, Gráfica e Editora, Vitória - Brazil, pp. 226-240.´
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