INTERVENÇÃO CÍVICA EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

A ASPA criou este blogue em 2012, quando comemorou 35 anos de intervenção cívica.
Em janeiro de 2024 comemorou 47 anos de intervenção.
Numa cidade em que as intervenções livres dos cidadãos foram, durante anos, ignoradas, hostilizadas ou mesmo reprimidas, a ASPA, contra ventos e marés, sempre demonstrou, no terreno, que é verdadeiramente uma instituição de utilidade pública.
Numa época em que poucos perseguem utopias, não queremos descrer da presente e desistir do futuro, porque acreditamos que a cidade ideal, "sem muros nem ameias", ainda é possível.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

ENTRE ASPAS "A necrópole e o templo de São Victor – Braga"

Recentemente, a ASPA solicitou à DGPC que procedesse à delimitação de Zonas Especiais de Protecção (ZEP) para dois relevantes monumentos da cidade, as igrejas de S. Vicente e S. Victor, cujo valor decorre não apenas do património edificado que se encontra à vista, mas também pelo que esconde sob os alicerces e no subsolo.
Tendo em conta a sensibilidade arqueológica da zona envolvente à igreja de S. Victor, insistimos que seja estabelecida uma ZEP específica, a fim de salvaguardas todos os vestígios associados a um monumento notável e cujo contexto encerra dois mil anos de história, particularmente expressivos no que diz respeito ao Cristianismo da Gallaecia.

A Igreja de São Victor está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1977, mas apenas dispõe da zona automática de 50 metros em redor do monumento. Mesmo assim os trabalhos arqueológicos do ano 2000 somente se realizaram por mero acaso, apesar do prédio em cujo terreno foram encontrados os vestígios do hipotético mausoléu ou templete, ficar no interior da área dos 50 metros. Lamenta-se que a demolição das fachadas sul e leste, bem como das paredes interiores, não tivesse sido acompanhada, pois que poderia ter sido detectada alguma epígrafe ou elemento arquitectónico, e reutilizados.
A obra foi sinalizada por mero acaso, sendo contactado o Gabinete de Arqueologia da CMB. Os desaterros foram interrompidos e desencadeados os trabalhos arqueológicos.

Bibliografia:
LEMOS, Francisco Sande (2001) ARREDORES DE BRACARA AUGUSTA – recentes escavações arqueológicas na necrópole de S. Vítor; a via romana para Aquae Flaviae; o território envolvente, Forum, 29, Conselho Cultural da Universidade do Minho, Braga, pp 9-38 (não está acessível no RepositoriUM).
COSTA, Avelino Jesus da (1997) – O Bispo D. Pedro e a Organização da Arquidiocese de Braga, I, Braga, 2ª ed. Irmandade de S. Bento da Porta Aberta, 342 p.
COSTA, Luís (1979) – A Igreja de S. Vítor, ed. Paróquia de S. Vítor, Braga, 21 p.
MARTINS, Manuela e DELGADO, Manuela (1989/90) – As necrópoles de Bracara Augusta. Os dados arqueológicos, Cadernos de Arqueologia, Série II, 6-7, Braga, pp. 41-186.
PINTO, Sérgio da Silva e ATHAÍDE, Alfredo de (1957) - A necrópole de S. Vítor – Braga (séc. IX-X), Bracara Augusta, 8, n.º 1-2 (35-36), Braga, pp. 106-118.
Artigos de Luís Oliveira Fontes cuja leitura recomendamos:
- (2008) - A igreja sueva de São Martinho de Dume. Arquitectura Cristã Antiga de Braga e na Antiguidade Tardia do Noroeste de Portugal, Revlsta de Historia da Arte, 6, Instituto de História de Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, pp. 163-181.
- (2009) - O período suévico e visigótico e o papel da Igreja na organização do território. Minho: Traços de Identidade, Braga, Conselho Cultural da Universidade do Minho, 2009, pp. 200-215.
- (2017) - Entre pagãos e cristãos: a sacarlização da paisagem bracarense na Antiguidade Tardia, Ed. Gilvan Ventura da Silva, Érica Cristhyane Morais da Silva, Belchior Monteiro Lima Ney+to, In: Espaços do Sagrado na Cidade Antiga, GM, Gráfica e Editora, Vitória - Brazil, pp. 226-240.´

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