#SEI2022
Uma das temáticas ambientais para a qual a ASPA tem vindo a sensibilizar a população é a problemática das espécies invasoras. De acordo com a última avaliação global da “saúde” do planeta feito pela Plataforma Intergovernamental sobre a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES, Nações Unidas, 2019), as espécies invasoras são a quinta principal ameaça à biodiversidade a nível global, apenas atrás das alterações do uso do solo/mar, a exploração directa de espécies e recursos, as alterações climáticas e a poluição. A introdução destas espécies, seja intencional ou não, está geralmente ligada a atividades humanas. Um dos vetores de introdução é o transporte de mercadorias por terra ou mar entres os vários pontos do planeta, como é o caso do mexilhão-zebra; ou a introdução voluntária para fins recreativos, como no caso da caça e pesca, exemplo do peixe-gato, ou para fins ornamentais, como muitas das plantas ligadas à jardinagem, por exemplo a erva-das-Pampas ou plumas, ou o jacinto de água. Contudo, as espécies invasoras não afetam só a natureza: promovem também impactes económicos graves derivados da sua gestão, assim como da perda de rendimento de algumas atividades, por exemplo, a diminuição na produção de mel por causa da vespa-asiática, ou a diminuição de canais de rega, devida ao jacinto-de-água. Há ainda a ter em conta os impactes não negligenciáveis na saúde humana, devido à transmissão de doenças aos humanos ou à alergia que algumas espécies podem produzir, como é caso do pólen da mimosa ou da erva-das-Pampas.
Um dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU prevê implementar medidas para evitar a introdução e reduzir significativamente o impacte de espécies exóticas invasoras nos ecossistemas terrestres e aquáticos, e controlar ou erradicar as espécies prioritárias. E para atingir estes Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, somos todos chamados a contribuir. Os cidadãos têm um papel relevante na prevenção das invasões biológicas, e também na mitigação dos seus impactes. No entanto, esta temática continua a ser desconhecida da população em geral.
Neste contexto, está a decorrer, desde sábado, dia 21, e até ao dia 29 de Maio, a Semana das Espécies Invasoras 2022 (#SEI2022). A SEI#2022 realiza-se simultaneamente em Portugal e em Espanha, é organizada por mais de 180 entidades de ambos os países, e pretende contribuir para aumentar o conhecimento e sensibilização sobre este tema.
Em Portugal, a #SEI 2022 é promovida pela REDE InvECO - Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras, associada à Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), e pela Plataforma INVASORAS.PT, que inclui investigadores do Centro for Functional Ecology do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra.
A iniciativa, que se realiza pelo segundo ano a nível ibérico, conta já com mais de 200 atividades registadas, organizadas por municípios, centros de investigação, universidades e institutos politécnicos, Organizações Não Governamentais de Ambiente (ONGAs), projetos nacionais e europeus, empresas, escolas e centros educativos, museus e uma longa lista de outras organizações públicas e privadas envolvidas.
Estão programadas ações de voluntariado, ações de controlo, palestras informativas, formações, percursos interpretativos, entre outras, dedicadas a aumentar o conhecimento e sensibilização sobre plantas invasoras, tanto animais como plantas. As diferentes atividades programadas estão disponíveis numa plataforma online, em português e em espanhol.
Como não podia deixar de ser, a ASPA aderiu prontamente a esta iniciativa, com a sessão “COMBATE A PLANTAS INVASORAS: conhecer, distinguir e arrancar”, de participação livre, realizada no sábado passado, no Museu D. Diogo de Sousa, em Braga. Esta sessão incluiu uma apresentação e tertúlia, onde se discutiram os impactes das plantas invasoras: impactes a nível ambiental (ameaçam o equilíbrio dos habitats e dos ecossistemas, afectam negativamente os serviços dos ecossistemas e os regimes hídricos e de fogo), assim como importantes impactes a nível socioeconómico (diminuição da produtividade florestal e agrícola, elevados custos de gestão e controlo, estética da paisagem e o turismo de natureza afectados, diminuição da disponibilidade de água nos lençóis freáticos, causa de problema de saúde humana e animal).
Foram sinalizadas as plantas invasoras mais comuns, e/ou problemáticas em meio urbano e rural da região, bem como formas de combater a ocupação do território por estas espécies. Será realizada, brevemente, uma sessão prática para arranque de bons-dias.
No concelho de Braga há mais duas iniciativas registadas no âmbito da #SEI2022, ambas previstas para hoje, 23 de Maio: Invasoras na Escola EB 2/3 André Soares, dirigida a alunos de 5º ano; e Controlo da Ageratina adenophora no rio Este, no troço adotado por uma IPSS, no âmbito do projeto Rios, que envolve os respetivos utentes(pessoas com deficiência mental.
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