Agora, que os dias de Maio começam a aquecer, vêm-nos à memória os pavorosos incêndios de 15 de outubro de 2017, que enegreceram a serra da Falperra, ameaçaram casas e oficinas, instalaram o pânico na cidade e colocaram os bracarenses perante a evidência dos desequilíbrios ambientais e das consequências da desregulação, do descuido e do abandono das nossas florestas.
Na verdade, o abandono das encostas queimadas da Falperra permitiu que, nos últimos anos, crescesse de forma absolutamente caótica a mata de eucaliptos, de acácias e outras plantas invasoras. Em cada tronco queimado e/ou cortado de um eucalipto rebentaram entre 10 a 15 varas desta planta, levando à densificação da mata, tornando-a impenetrável. O material combustível, naturalmente criado ou resultante do abandono da incineração anterior, constitui um risco de grande intensidade num ano seco como aquele que estamos a viver. Com exceção da plantação esporádica de alguns carvalhos e outras espécies autóctones, em algumas manchas rarefeitas, nada foi feito apesar dos avisos sucessivos, das alterações legislativas entretanto promovidas e daquilo que acreditámos ser um alerta na consciência coletiva. Nada foi feito!
Um sinal positivo, de que a realidade pode ser revertida, é a da criação, pelos municípios de Braga e de Guimarães, do Programa Intermunicipal de Salvaguarda da Paisagem dos Sacro Montes e, mais recentemente, da "Sacromontes de Braga e Guimarães, Associação de Municípios". Tem em vista a proteção de bens patrimoniais e a proteção da área florestal; a defesa contra incêndios; a valorização, reabilitação, restauro e promoção do património construído e natural; a valorização da paisagem e a valorização deste território como conjunto de elevado valor patrimonial e turístico.
Espera-se que o Programa não fique no rol das oportunidades perdidas e das palavras generosas que se agitam como se fossem esconjuros de catástrofes futuras. desta vez, tem de ser mesmo a valer!
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