Nos países ou regiões do globo em que a água está poluída, ou não é suficiente para garantir as necessidades diárias da população, este recurso natural torna-se motivo de conflito e de guerras. Porém, se o acesso à água for considerado como um Direito Humano, essencial à vida, será possível definir políticas de médio e longo prazo que conduzam à sua proteção e conservação, de modo a garantir água à população.
Importa ter presente que a gestão sustentável da água doce traz benefícios para a saúde individual e colectiva, para a alimentação e educação, a agricultura, o desenvolvimento económico e a melhoria do nível de vida, a segurança energética, a protecção contra desastres naturais e, também, para a melhoria dos ecossistemas.
É importante unir esforços no sentido da gestão conjunta dos recursos hídricos, de modo a garantir água potável às gerações vindouras. Por isso é necessário, desde já, assegurar reservas de água doce em cada território, para suprir as necessidades quando o calor intenso reduz a quantidade de água disponível para consumo humano e animal, bem como para a agricultura.
Braga, com dois rios e um número significativo de ribeiras (não visíveis à superfície pelo facto de terem sido canalizadas), com períodos de pluviosidade extrema e outros com ondas de calor, está a desperdiçar água doce pelo facto de impermeabilizar o solo urbano e encaminhar a totalidade da água da chuva e de minas (exº Sete Fontes) para os rios e, daí, para o mar. Muitos dirão que foram opções do passado mas, efetivamente, o presente não nos tem brindado com melhoria de práticas no sentido de manter este precioso recurso no território municipal.
Braga assumiu compromissos relativamente aos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, como tal, os ODS 6, 15, 13 e 11 devem ser o suporte para a tomada de decisões relativamente a áreas do território concelhio onde há rios, ribeiros, charcas, minas e poças de consortes. Também pressupõe proteger o solo - agrícola e florestal -, que permite a infiltração de água doce para lençóis de água subterrâneos e actua como sumidouro de carbono.
Relembramos que a gestão dos recursos aquíferos de Braga tem sido errada, ao longo de décadas, quer sob a presidência do eng. Mesquita Machado quer sob a actual. A rede subterrânea de escoamento natural das águas pluviais, complexa devido ao subsolo granítico, foi profundamente alterada, em diversos pontos. Por exemplo, durante as obras do Teatro Circo, nos Parques Subterrâneos da Avenida Central e do Campo da Vinha, bem como pela abertura dos túneis, em particular na Avenida da Liberdade (a antiga Rua das Águas). Já sob a gestão do actual executivo foram autorizados parques subterrâneos em diversos sítios, de que os casos mais gravosos são os da Rua de São Vicente e do Hotel junto às Convertidas.
Desconhece-se por completo os efeitos a médio e longo prazo dessas obras nos níveis freáticos e no processo de alteração do substrato rochoso.
Quanto à rede fluvial, que obviamente não se limita aos rios Cávado e Este, mas que é formada por inúmeras linhas de água de dimensão variável, também nunca houve uma política racional.
Houve mesmo a audácia de canalizar parcialmente o Rio Este. Enfim…
Nunca houve, por exemplo, a mínima preocupação de recuperar a antiga rede de abastecimento à cidade, o sistema das Sete Fontes, o que era possível. O antigo Depósito de Água do Alto da Cividade foi vendido pela CMB e transformado numa vivenda!
Todo o valioso património aquífero das Sete Fontes estaria hoje sob uma urbanização, caso os cidadãos bracarenses não tivessem levantado a voz em petição que teve bom acolhimento pela Assembleia da República. O futuro Parque Verde das Sete Fontes, que evidencia uma vitória da cidadania, é o garante da protecção do manancial de água que corre no Sistema Hidráulico Setecentista.
Importa, pois, criar uma consciência colectiva facilitadora do desenvolvimento de políticas que garantam o uso sustentável da água e a eficiência energética, no âmbito de uma economia de energia verde ou sustentável.
Daí que, ao longo de décadas, a ASPA tenha sido sempre activa, partilhando tomadas de posição sobre património associado à água, tanto através dos “Entre Aspas”, como de comunicados e de outras intervenções públicas.
A ÀGUA É ESSENCIAL À VIDA!
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