Finalmente fez-se justiça!
Foi esta a primeira ideia que me veio à cabeça quando soube, no noticiário de uma rádio, às 09H00 da manhã de domingo (7jul2019), que o Bom Jesus do Monte tinha entrado para a lista do Património Classificado da UNESCO.
Finalmente os homens e as mulheres que, desde o longínquo séc. XIV, construíram a primeira capela, finalmente os homens e mulheres que ano após ano, século após século, foram levantando a maravilha que é hoje o Bom Jesus do Monte, o sacromonte mais complexo da humanidade, viram o seu trabalho ser reconhecido por todos. Todos! Todo o mundo. [Há uns anos, fez-se a escolha de uma lista com os monumentos históricos e artísticos do país, uma escolha por votação e não por competência ou qualidade, e o Bom Jesus, conforme seria expectável, não entrou nessa lista. Porquê?]
Finalmente, os homens e as mulheres que fazem o dia a dia do Bom Jesus do Monte viram ser feita justiça ao seu trabalho, ao seu amor pelo Bom Jesus do Monte.
Sim. A obra do irrequieto arcebispo Moura Teles, do onírico André Soares ou do cartesiano Carlos Amarante, foi muito importante. Mas não é mais,nem menos importante que o trabalho das mulheres que varrem os tapetes de folhas, ou o lixo que é deixado pelos turistas, e deixam este espaço irrepreensível para todos usufruírem.Turistas que agora vão passar a vir ainda em maior número.
O trabalho das Teresas, Andresen e Marques, em levar avante esta candidatura foi enorme, fenomenal. Mas mais fenomenal será saber manter esta classificação. Continuar a ser humilde. Continuar a amar o Bom Jesus do Monte.
O Bom Jesus do Monte é o local onde o Homem soube conjugar a sua arte com a Natureza.
Não vai ser fácil, admito que não. As responsabilidades vão agora ser mais, muito mais, muito maiores. Mas é só uma questão de ser inteligente e cauteloso; o Bom Jesus do Monte não é um local para experiências ou vaidades. .Por essa razão há que estar no Bom Jesus do Monte para o servir e não para se servir dele. Exige bom senso e humildade!
Daqui deixo os parabéns: primeiro, a quem teve a ideia e a começou a concretizar. Depois, a todos os que o seguiram, a quem concretizou esta candidatura, sejam os membros seguintes da irmandade, seja quem levou a candidatura avante, sejam os que todos os dias nos fazem ter prazer em subir a esta montanha sagrada. Os parabéns a toda essa gente “pequena” ou “grande” que faz do Bom Jesus o seu dia a dia.
Gente que, até aos meados do século XIX, era a de Braga e do Minho, gente que, até há algumas dezenas de anos, era a de Portugal e Galiza, gente que, desde há algumas dezenas de anos, é de todo o mundo.
Sim, não é só Braga, o Minho ou Portugal que devem ter prazer nesta honra que ontem o Bom Jesus do Monte recebeu. É toda a Humanidade, porque o Bom Jesus não é de Braga, do Minho, de Portugal: o Bom Jesus do Monte é de todo o mundo, de toda a Humanidade.
Hoje é dia de alegria.
Eduardo Pires de Oliveira
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